Café e carnes, dois dos principais produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, ficaram inicialmente fora da lista de exceções divulgada pela Administração de Donald Trump, apesar de o Brasil ser o maior fornecedor mundial de ambos os bens, cuja restrição pode encarecer os preços para os consumidores norte-americanos.
"Duas coisas que ficaram de fora da lista e que são apreciadas por eles são a carne e o café. Por isso, consideramos que, quando analisarem a inflação que essa medida provocará e realizarem um estudo de opinião pública sobre o seu encarecimento, vão rever a decisão", disse Tebet, citada pela imprensa brasileira.
Segundo a ministra, os Estados Unidos terão dificuldades em encontrar novos fornecedores, caso a carne e o café brasileiros fiquem demasiado caros para os consumidores locais.
Tebet afirmou que o Brasil poderá redirecionar a sua produção para outros mercados, num contexto em que a mais recente colheita atingiu preços recorde devido à escassez da oferta.
A ministra destacou que, além da quebra na produção brasileira, o Vietname - segundo maior produtor global de café - também enfrentou problemas na colheita, o que agravou a escassez global do grão.
Quanto à carne, Tebet salientou que os Estados Unidos dificilmente encontrarão fornecedores alternativos, enquanto o Brasil pode destinar a sua produção a outros mercados.
"É possível que tenhamos surpresas nos próximos dias [com o anúncio de novas exceções]. Não precisa necessariamente de ser amanhã [quarta-feira], mas podemos esperar surpresas, porque é algo que lhes interessa", declarou.
Em 2024, o Brasil exportou 8,1 milhões de sacas de café para os Estados Unidos, no valor de cerca de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros), o equivalente a 16% das exportações brasileiras do grão e a aproximadamente um terço do mercado norte-americano.
As vendas de carnes para os Estados Unidos -- segundo maior destino das exportações brasileiras do setor -- totalizaram 1.600 milhões de dólares (1.400 milhões de euros) em 2024, representando 16,7% dos embarques totais do produto.
Juntos, o café e as carnes corresponderam a cerca de 9% do total das exportações brasileiras para os EUA no ano passado, num valor global de cerca de 40 mil milhões de dólares (34 mil milhões de euros).
A eventual inclusão desses produtos na lista de exceções poderá mitigar ainda mais o impacto da tarifa.
De acordo com estimativas do Governo brasileiro, como a lista inicial de exceções ao novo imposto inclui vários dos principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA - como petróleo e combustíveis, aviões, minérios e sumo de laranja -, a taxa punitiva deverá atingir apenas 36% das vendas.
Isso porque, segundo Brasília, as exceções já anunciadas abrangem 44% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e os restantes 20% dizem respeito a aço, alumínio, automóveis e autopeças, que têm um regime especial.
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