Eleito para um mandato de cinco anos, Karol Nawrocki, de 42 anos, terá de trabalhar com o governo pró-europeu de Donald Tusk, uma coabitação que promete ser difícil, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Nawrocki sucede a Andrzej Duda como Presidente da Polónia, um país da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte, conhecida pela sigla inglesa NATO.
O novo chefe de Estado polaco é um historiador especializado no mundo do crime, e considerado um novato em política e relações internacionais, bem como um admirador de Donald Trump, o homólogo norte-americano.
Apoiado pelo principal partido da oposição, o Lei e Justiça (PiS, nacionalista), Nawrocki venceu as eleições de 01 de junho por uma margem estreita face ao candidato pró-europeu Rafal Trzaskowski.
A derrota de Trzaskowski foi um sério revés para a coligação pró-UE que governa há quase dois anos e confirmou a forte polarização política na Polónia, um país vizinho e grande apoiante da Ucrânia face à agressão da Rússia.
Com o lema "A Polónia em primeiro lugar, os polacos em primeiro lugar", Nawrocki visou um milhão de refugiados ucranianos que vivem no país desde a invasão russa de fevereiro de 2022.
Crítico da UE, prometeu continuar a apoiar a Ucrânia, mas opôs-se à adesão do país à NATO e criticou a ajuda dada aos refugiados ucranianos na Polónia.
Criticou também Kiev por não ter "demonstrado gratidão pelo que os polacos fizeram" e acusou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de insolência para com a Polónia.
Nawrocki falou, no entanto, com Zelensky ao telefone na semana passada e o Presidente ucraniano disse ter ouvido "garantias de apoio contínuo à Ucrânia".
Admirador de Trump, Nawrocki encontrou-se com o Presidente dos Estados Unidos na Casa Branca (sede da presidência em Washington), pouco antes da primeira volta das eleições polacas.
Durante a campanha, explicou que pretendia recusar "qualquer transferência de poderes" das autoridades polacas para a UE e assinar novos tratados europeus que "enfraquecessem o papel da Polónia".
A campanha foi marcada por ataques ao seu passado, com os meios de comunicação social a noticiarem que a compra de um apartamento num negócio considerado opaco por comentadores e opositores políticos.
Uma investigação jornalística também alegou que esteve envolvido na entrada de prostitutas num hotel em Sopot (norte), quando ali trabalhava como guarda, há cerca de 20 anos, que negou e descreveu como "um monte de mentiras".
Nawrocki nasceu em 1983 na cidade portuária de Gdansk, palco do movimento sindical pró-democrático Solidariedade na década de 1980 liderado por Lech Walesa, que foi Presidente da Polónia (1990-1995) depois do fim do regime comunista no país.
Em Gdansk, Nawrocki jogou futebol e boxe na juventude, antes de obter um doutoramento em História.
Foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial da cidade de 2017 a 2021, quando passou a dirigir o Instituto da Memória Nacional (IPN), que investiga os crimes nazis e comunistas.
A investigação centra-se na oposição anticomunista polaca, no crime organizado durante a era comunista e na história do desporto.
Em 2024, a Rússia incluiu Nawrocki na lista de procurados devido aos esforços que desenvolveu para desmantelar monumentos da era soviética na Polónia.
Casado e pai de três filhos, Nawrocki é autor de vários livros, incluindo um sob pseudónimo que lhe valeu algumas críticas e acusações de ligações a criminosos e a neonazis, que negou.
[Notícia atualizada às 11h01]
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