"Aviso a todos aqueles que ainda não saíram das áreas no bairro Zeitun: Como já foi anunciado, o exército continua a intensificar as suas operações para oeste; Para sua segurança desloque-se imediatamente para sul, em direção a Al Mawasi", lê-se numa publicação do porta-voz do exército, Avichay Adraee, nas redes sociais, partilhada pelas 6 horas de hoje (hora de Lisboa).
De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 425.000 pessoas estão amontoadas em Al Mawasi, onde vivem em tendas sem acesso a eletricidade ou água potável.
A OCHA também denuncia que mais de 88% da Faixa de Gaza está submetida a ordens de deslocamento forçado ou convertida em área militarizada do exército israelita.
As novas ordens de deslocamento surgem dias depois de os media israelitas terem noticiado a intenção de o governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, avançar para o controlo militar total da Faixa de Gaza, incluindo zonas do enclave onde deverão estar os reféns israelitas tomados pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
O plano de Israel terá de ser aprovado pelo gabinete de segurança do governo, órgão responsável pela gestão da ofensiva em Gaza. De acordo com a imprensa israelita, a reunião para analisar o plano acontecerá na quinta-feira.
A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelos ataques liderados pelo movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Desde então, morreram mais de 60 mil habitantes de Gaza, quase metade crianças e mulheres, e mais de 150 mil ficaram feridos, segundo os registos das autoridades sanitárias, considerados fidedignos pela Organização das Nações Unidas.
Pelo menos 180 das mortes aconteceram devido a fome e desnutrição, de acordo com um registo das autoridades locais divulgado na segunda-feira.
A maioria das 180 mortes aconteceu nas últimas semanas, após meses de bloqueio à entrada de ajuda humanitária por Israel, que controla todos os acessos àquele território.
Entre 02 de março e 19 de maio o bloqueio foi total, sendo agora muito limitado.
Há muito que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o território mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
No final do ano passado, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.
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