O líder japonês sublinhou esta mensagem durante o seu discurso na cerimónia realizada hoje no Parque Memorial da Paz de Hiroshima, local onde, em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atómica usada em combate na história, causando a morte de cerca de 70.000 pessoas.
"Liderar a comunidade internacional para alcançar um mundo sem armas nucleares é a missão do Japão como único país que sofreu a bomba atómica na guerra e que aplica os três princípios não nucleares", disse Ishiba.
A referência do líder do Governo nipónico diz respeito aos princípios que consistem em não produzir, não possuir e não permitir armas nucleares no seu território, que têm sido respeitados por todos os Executivos do país, desde que foram declarados em 1967 pelo então primeiro-ministro Eisaku Sato, e posteriormente ratificados pelo Parlamento.
Ishiba também destacou o "aprofundamento das divisões da comunidade internacional" em relação ao desarmamento nuclear e o "agravamento do ambiente de segurança", um contexto em que é mais necessário "alcançar um mundo sem armas nucleares" através das iniciativas de Não Proliferação Nuclear (NPT), afirmou.
"Apelaremos a todos os países para que aproveitem ao máximo esse espírito de diálogo durante a reunião da iniciativa NPT do próximo ano", disse o primeiro-ministro japonês, que também apelou à "busca de medidas concretas" para a desnuclearização, incluindo tanto os países que não possuem armas deste tipo como as potências atómicas.
"A base para alcançar um mundo sem armas nucleares é a compreensão correta do facto da bomba atómica", indicou Ishiba na cerimónia, na qual também participaram sobreviventes do bombardeamento e o presidente da câmara de Hiroshima, Kazumi Matsui, e perante representantes diplomáticos de 120 países e territórios, uma assistência recorde.
O Japão é um dos países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que entrou em vigor em 1970, embora se tenha abstido de assinar outra iniciativa antinuclear mais recente, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, em vigor desde 2021, justificando que considera ineficaz este quadro sem a participação das principais potências nucleares (Estados Unidos, Rússia e China).
Tóquio também recusou participar em março passado como observador na conferência da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares, argumentando que isso enviaria uma "mensagem errada" devido à conivência da conferência com a política dita de "dissuasão alargada" dos Estados Unidos, que contempla o uso de armas atómicas pelos Estados Unidos em sua defesa.
A posição oficial do governo japonês a este respeito é apoiar iniciativas que considere viáveis contra a proliferação nuclear e, ao mesmo tempo, ser "realista" face ao agravamento do contexto de segurança internacional.
Esta posição foi criticada pela organização de sobreviventes dos bombardeamentos atómicos Nihon Hidankyo, galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 2024, e pelos presidentes das câmaras municipais de Hiroshima e Nagasaki, que instaram Tóquio a aderir ao referido pacto internacional.
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