"Hoje o primeiro-ministro pode aproveitar o debate do estado da nação para explicar o que é que está a fazer sobre esta matéria [das tarifas]. Aquilo que nós temos ouvido são várias preocupações de muitos empresários deste setor", disse José Luís Carneiro aos jornalistas à saída de uma reunião com o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, em Lisboa.
Na perspetiva do líder do PS, "é muito importante que o Governo, tal qual aconteceu com o Brexit, tenha planos preparados", quer em Portugal quer no diálogo europeu, "para proteger setores que são especialmente colocados em causa", como o têxtil, o vestuário, o calçado, oo agroalimentar e a saúde.
O objetivo, de acordo com Carneiro, seria "mitigar esses efeitos" das tarifas e "apoiar também essas empresas".
"É muito relevante que o Governo tenha uma equipa a trabalhar nesta área, tal qual fizemos no passado para cautelar os impactos do Brexit nas empresas portuguesas", comparou.
Segundo o líder do PS, estas tarifas geram "impactos brutais" que vão ter efeitos na inflação, no emprego, nas previsões do crescimento da economia e nas receitas do Estado.
"Eu diria que, no mínimo, é expectável que o Governo tenha uma equipa diversificada que acompanhe os vários setores de atividade para avaliar os impactos e, em função dos impactos, adotar medidas de política para mitigar os impactos", defendeu.
Questionado se considera que esse trabalho não está a ser feito, José Luís Carneiro referiu "até agora ninguém tem informação sobre quaisquer medidas ou quaisquer iniciativa que o Governo esteja a ter neste momento".
"Mas admito que seja também reserva do trabalho do próprio Governo. O primeiro-ministro poderá explicar isso na Assembleia da República, hoje que temos o debate do estado da nação", desafiou.
A Comissão Europeia propôs na segunda-feira aos países da União Europeia (UE) uma lista de bens importados dos Estados Unidos, num total de 72 mil milhões de euros, para taxar caso a administração norte-americana imponha tarifas recíprocas de 30%.
No sábado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 01 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Reagindo a tal anúncio, a líder do executivo comunitário afirmou que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 01 de agosto.
Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024.
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