Estrangeiros: Da luz verde na AR a pedidos de veto... que disse Marcelo?

PSD, Chega e CDS votaram a favor das alterações da lei dos estrangeiros e as críticas à Esquerda não demoraram a começar - incluindo com pedidos para ir a Belém, falar com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Assembleia da República, Parlamento, Portugal,

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Teresa Banha com Lusa
16/07/2025 22:58 ‧ há 10 horas por Teresa Banha com Lusa

Política

Lei dos Estrangeiros

A Assembleia da República aprovou, esta quarta-feira, a lei dos estrangeiros, uma 'luz verde' que fez com que se ouvissem críticas da Esquerda, com o Livre e o Bloco de Esquerda a anunciarem que vão pedir ao Presidente da República, Marcelo da República, que vete a lei.

 

As alterações foram aprovadas com os votos do Partido Social Democrata, Chega e CDS. Já a Iniciativa Liberal absteve-se na votação, com a bancada a justificar a alteração da posição porque o processo legislativo foi "absolutamente inadmissível da parte do Partido Social Democrata", com "propostas legislativas à 25.ª hora".

As alterações ao regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional tinham já sido aprovadas na Comissão de Assuntos Constitucionais no dia 11, com votos contra da Esquerda, que alegou atropelos à lei pela falta de pareceres obrigatórios.

Entre "atropelos" e 'visitas agendadas' a Belém, como reagiram os partidos?

Pela voz de Pedro Delgado Alves, o Partido Socialista criticou os "atropelos procedimentais" e a "hiper-rapidez" que o Governo imprimiu, sem que "tenha apresentado quaisquer pareceres", procurando impedir que constitucionalistas e membros das associações de imigrantes "participassem no processo legislativo."

"O Governo fez a escolha do seu parceiro", acrescentou Delgado Alves, referindo-se ao Chega, e apontando que o Executivo tinha optado por "uma agenda perigosa" que abre "as portas aos extremismos". "Por favor, não fiquem sequestrados pela extrema-direita", apelou à bancada social-democrata.

Inês Sousa Real, do PAN, criticou os "atropelos à lei" e recordou que as novas regras do reagrupamento familiar deveria exigir a audição da Comissão Nacional de Crianças e Jovens: "Todos reconhecemos que os fluxos migratórios têm de cumprir a lei", mas "tem de ser [um diploma] humanitário."

Por sua vez, Paula Santos, do PCP, considerou que se trata de um "processo em que se impediu a Assembleia da República de fazer um trabalho sério e ponderado" e houve "uma imposição de uma opção política que ataca direitos dos pobres e dos cidadãos da CPLP", ao contrário dos 'vistos gold' para quem "todos os direitos estão salvaguardados".

Filipe Sousa, do JPP, lamentou a rapidez do processo e criticou o "alcance extremamente complexo" do diploma que "vai afetar milhares de pessoas e de famílias".

BE e Livre anunciaram que vão pedir a Marcelo que vete lei

Para além das críticas à pressa mostrada pelo Executivo, tanto o Bloco de Esquerda como o Livre anunciaram que vão pedir a Marcelo que vete esta lei.

Em declarações aos jornalistas, Mariana Mortágua afirmou que o processo legislativo que permitiu hoje a aprovação das alterações à lei de estrangeiros "é uma mancha na história do Parlamento", porque foi feita "sem o devido debate, esclarecimento" e "sem as dúvidas constitucionais estarem resolvidas."

"Vamos fazer um pedido de audiência ao senhor Presidente da República para partilhar estas nossas dúvidas sobre a lei e para dar conta (...) de um processo legislativo que não respeita a importância desta lei, que não respeita as associações que estão no terreno, que não respeita a ordem e a forma como fazemos os processos legislativos na Assembleia da República", disse.

"Mancha na história". BE vai pedir a Marcelo que vete lei de estrangeiros

A coordenadora do Bloco de Esquerda anunciou hoje que vai pedir uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para apelar ao veto das alterações aprovadas no Parlamento à lei de estrangeiros.

Lusa | 17:40 - 16/07/2025

Também o Livre vai pedir 'uma hora' com Marcelo, explicando a líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, que o partido quer "fazer ver" a Marcelo Rebelo de Sousa como é que o processo legislativo decorreu no Parlamento, considerando que a "lei está feita mal logo de partida e, portanto, não deve ser promulgada".

"[Deve] voltar à Assembleia da República para que possa ser verdadeiramente discutida como uma lei desta importância deve ser: com tempo, com a contribuição de todos os grupos parlamentares e, sobretudo, ouvir as pessoas diretamente afetadas pela aplicação desta proposta de lei do Governo", argumentou a deputada.

Livre quer audiência com Marcelo para pedir veto da lei de estrangeiros

Livre quer audiência com Marcelo para pedir veto da lei de estrangeiros

O Livre anunciou hoje que vai pedir uma audiência ao Presidente da República sobre a nova lei de estrangeiros, aprovada no parlamento, considerando que "está feita mal logo de partida" e não deve ser promulgada.

Lusa | 19:09 - 16/07/2025

E quem votou a favor?

Perante a situação, António Rodrigues, do PSD, recusou a ideia de que o seu partido não quer debater o tema e lamentou que o PS não tenha trazido propostas de alterações. "A matéria da imigração foi a mais discutida nos últimos 15 meses em Portugal", disse.

Os deputados socialistas "tiveram a oportunidade de propor, de refletir. A urgência exige-se por anos de incapacidade de legislar, por incapacidade de decidir", porque "queriam continuar no mesmo pântano em que estavam a viver".

Já Vanessa Barata (Chega) justificou a alteração da legislação com as "políticas irresponsáveis do PS", que promoveu uma "política de portas escancaradas, sem controlo e sem pensar nas consequências" para o país.

"Temos bairros inteiros em colapso, a insegurança crescente e uma precariedade que antes do mais atinge os nossos, os portugueses que cá vivem e cá trabalham", disse a deputada do Chega, terminando com uma citação do primeiro-ministro: "Deixem-nos trabalhar".

O Governo, por seu lado, pela voz do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, reafirmou que o país precisava de uma política de imigração mais regulada, com mais controle, mas com humanismo e equilíbrio.

Na opinião do governante, o país necessitava de "orientar a sua imigração para uma imigração mais qualificada" para mudar o que acontecia "até há um ano" e que considerou ser "indigno para aqueles que vinham, que esperavam anos por documentos, viviam em condições desadequadas".

Política de imigração?

Política de imigração? "Hoje foi dado mais um passo muito importante"

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, reafirmou que o país, que hoje aprovou a nova lei de estrangeiros, precisava de uma política de imigração mais regulada, com mais controle, mas com humanismo e equilíbrio.

Lusa | 20:32 - 16/07/2025

E Marcelo? Que diz?

Já na noite desta quarta-feira, Marcelo foi questionado, em Santarém, acerca da aprovação do Parlamento, e o chefe de Estado começou por confessar que não assistiu ao debate, nem viu as alterações, mas mostrou que já tem o seu plano muito bem traçado.

Salientando que vai abrir as portas aos partidos que querem ser recebidos, Marcelo apontou que ia começar por ver, tal como habitual, se a lei respeitava a Constituição.

Lei dos estrangeiros? Marcelo diz que vai procurar

Lei dos estrangeiros? Marcelo diz que vai procurar "equilíbrio"

O chefe de Estado detalhou aquilo que ia fazer quando recebesse a Lei dos Estrangeiros, aprovada esta quarta-feira pela Assembleia da República, separando os diferentes caminhos que se podem seguir.

Teresa Banha | 21:55 - 16/07/2025

Caso não tenha dúvidas do ponto de vista constitucional, Marcelo confessou que vai ponderar "o equilíbrio", e, em caso de inexistência de qualquer "ponto pormenor" que o impressionasse negativamente, não tem dúvidas: "Assino, promulgo."

Caso contrário, devolve ao Parlamento: "E peço: vejam lá isto. É mesmo para ser assim ou pode conhecer-se ou outra fórmula?"

Leia Também: Lei dos estrangeiros? Marcelo diz que vai procurar "equilíbrio"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas