Mariana Leitão assumiu estas posições durante o debate sobre o estado da nação na Assembleia da República, numa intervenção em que lamentou que o executivo não tenha avançado com a privatização total da TAP e defendeu a revisão da lei da greve e a abertura de empresas como Metro, da CP e da Transtejo "à concorrência e à gestão profissional".
Em matéria de política fiscal, a líder parlamentar e candidata única à liderança da IL considerou insuficientes as reduções feitas até agora pelos executivos chefiados por Luís Montenegro e pediu "uma descida de impostos que realmente se note no bolso dos portugueses".
"A descida do IRS foi tímida e provavelmente será anulada pela inflação e impostos indiretos, longe do alívio fiscal que os portugueses mereciam. É preciso uma reforma a sério: devolver rendimento, premiar o esforço e simplificar o sistema", afirmou.
Quanto ao funcionamento do Estado, a líder parlamentar da IL acusou o Governo PSD/CDS-PP de criar "mais cargos, mais dependência partidária, mais despesa e menos mérito".
"Senhor primeiro-ministro, pergunto-lhe: vai ter a coragem de fazer uma reforma a sério do Estado, com tudo o que isso implica, ou vai-se ficar pela promessa de um amanhã que nunca chegará?", questionou.
Segundo Mariana Leitão, assiste-se atualmente a uma "mais que evidente falência dos serviços públicos" e "a saúde é o maior exemplo do falhanço do Estado", com "hospitais sem profissionais, urgências encerradas, listas de espera intermináveis".
A deputada alegou que o SNS é "um sistema que não dá resposta", que "consome cada vez mais recursos, mas oferece menos cuidados", em que "os mais pobres ficam sem acesso e a classe média paga duas vezes", através do recurso a seguros de saúde.
Perante este cenário, desafiou o primeiro-ministro a "ter a coragem de reformar o sistema de saúde", permitindo que todos possam aceder a cuidados "independentemente de ser no público, privado ou social", no que apelidou de "verdadeiro sistema universal de saúde".
Para a IL, "também na mobilidade o Estado continua a falhar clamorosamente nas suas responsabilidades básicas" e empresas como Metro, CP e Transtejo são exemplos disso, pelos "atrasos, avarias e greves constantes e a contínua interferência de interesses instalados que paralisam a vida das pessoas".
"É urgente rever a lei da greve nos transportes, é urgente abrir estas empresas à concorrência e à gestão profissional", defendeu Mariana Leitão, alegando que "o Governo fala, mas nada muda".
Na resposta à líder parlamentar e candidata única à liderança da IL, Luís Montenegro começou por comentar: "O seu tremendismo é tal que só falta mesmo dizer: senhor primeiro-ministro quando é que tem a coragem de acabar com o Estado?".
O primeiro-ministro reivindicou "passos importantes" para cumprir algumas das políticas defendidas pela IL, incluindo em matéria de impostos, que deveriam ser reconhecidos. "Pode discutir a dimensão, não pode é dizer que nós não estamos a fazer", sustentou.
"Com esse irrealismo, com esse - não leve a mal até a expressão - quase fanatismo acaba por descolar da realidade e depois é muito difícil levar o seu discurso a sério", prosseguiu.
Quanto à saúde, Luís Montenegro disse que o Governo PSD/CDS-PP tem "uma visão diferente" da IL, mas que "ainda assim é uma visão de complementaridade".
"Nós estamos a chamar a iniciativa privada, nós estamos a chamar o setor social para complementarem connosco, quer dentro do SNS, quer até fora do SNS, a oferta", referiu, lamentando que a IL não reconheça isso.
[Notícia atualizada às 17h50]
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