No dia em que se discute o Estado da Nação, Rui Rio concedeu uma entrevista à Rádio Renascença onde lamenta que este tipo de debates tenha perdido a sua importância e se restrinja a debater assuntos “populistas” ao invés de se focar no “futuro” do país.
“O debate que se faz é sempre um debate de ordem conjuntural, com tendências, muitas vezes, popularuchas, para não dizer populistas”, começa por considerar o social democrata, explicando que este deveria ser “um debate a sério sobre os estrangulamentos que o país tem para o seu desenvolvimento, que caminho devemos tomar, que objetivos pretendemos atingir a 10 anos, a 15 anos e a 20 anos”, ou seja, um “debate tendo em vista o futuro da Nação”.
Ciente de que a imigração será um dos temas em cima da mesa, Rui Rio, receoso em falar sobre o assunto, acabou por demonstrar apoio à medida aprovada esta quarta-feira no Parlamento e que trouxe alterações à lei dos Estrangeiros.
“O rumo que o Governo está a dar ao tema é o rumo que tem de ser dado. Isso, para mim, é absolutamente claro. A imigração tem de ser, vou usar um termo que não devia usar e que se presta logo a vir berrar, gritar e exibir a sua estupidez, que é, a imigração tem de ser um negócio, no bom sentido do termo. O que é que é o negócio? Ganha o imigrante e ganhamos nós. Não é necessariamente uma coisa má. Há negócios maus, este é um negócio bom”, atirou, ciente de que está uma matéria que tem de ser falada com “cuidado”.
Na mesma senda, defendeu que a posição sobre o assunto não se pode basear em cores políticas e que este é um assunto que "é preciso regular".
"Isto não se trata de seguir a agenda A, B ou C. Trata-se de fazer aquilo que o país precisa de ser feito. Há um raciocínio absolutamente primário que é 'como o Chega defende, a gente não pode defender' ou como 'o PCP defende, nós não podemos'. Isso é pouco inteligente", atirou.
Já sobre a saúde, mostrou-se renitente em apoiar a ideia de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deva ser “entregue ao setor privado”. "Uma coisa é defender a colaboração do setor privado enquanto complemento do SNS. Eu defendo isso, sempre defendi. Outra coisa é o SNS ser tão mau que se começa a complementar com o privado por tudo e mais alguma coisa”, defendeu.
Na mesma entrevista, Rui Rio lembrou que é preciso dar tempo ao governo para que as suas medidas comecem a surtir efeitos. Referindo-se especificamente à reforma do Estado, do Estado, o ex-líder do PSD lembrou que isto “não se consegue numa legislatura, de forma nenhuma” e defendeu que é preciso “ haver alguma calma e alguma inteligência”.
“O ministro pode fazer um excelente trabalho e nós, na prática, demorarmos a senti-lo. E logo começam os comentários de ‘não faz nada’ e matam tudo. À partida, o ministro escolhido tem condições, mas não é um super-homem, é um ser humano. Mas tem condições e tem conhecimentos para fazer direito”, defendeu.
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