A antiga dirigente do PAN Carolina Pia apresentou uma participação disciplinar contra a porta-voz do partido por alegada perseguição política e assédio.
Na denúncia enviada à Comissão Política Nacional (CPN) do PAN, a que a Lusa teve acesso, lê-se que queixa foi rejeitada sem discussão e que foi aberto um processo disciplinar contra a queixosa, sem se referir em que data.
Em comunicado ao Notícias ao Minuto, porém, o PAN assegura que este último dado "não corresponde à verdade, uma vez que esse ponto foi objeto de discussão, com tempos", tendo a CPN concluído "que mais não era do que uma denúncia caluniosa e contrária à verdade dos factos".
Fonte dos ecologistas refere, ainda, que Carolina Pia foi alvo de inquérito disciplinar em maio, "por não ter ido entregar a candidatura de Viseu ao tribunal, lesando assim o partido".
Carolina Pia, por seu turno, acusa a direção do partido de não ter dado o apoio necessário à preparação da candidatura pelo círculo de Viseu nas últimas legislativas, alegando que essa omissão, que considera deliberada, levou à falha da entrega das listas num distrito onde já tinha sido cabeça de lista.
A militante afirma que, apesar dos avisos sobre falta de recursos humanos e de apoio logístico na distrital de Viseu do PAN, a direção apenas interveio na última semana do processo de preparação da candidatura às legislativas de maio, numa fase em que já não seria possível concluí-la atempadamente.
Carolina Pia argumenta que esta falta de apoio tinha como objetivo usar a não entrega da candidatura como "bode expiatório" para o resultado nas eleições legislativas.
Acrescenta ainda que a direção de campanha e a porta-voz do partido, Inês Sousa Real, tinham acesso à documentação necessária para apresentar a candidatura mas optaram por "deliberada e conscientemente" não a preencher "de modo a que a candidatura falhasse".
"Após o resultado das eleições legislativas, Inês Sousa Real orquestrou tornar-me bode expiatório quanto ao resultado das eleições legislativas, indicando que várias pessoas vieram perguntar o porquê da não entrega e que isso teria afetado grandemente o partido, o que não é verdade", lê-se.
A antiga responsável pela distrital do PAN em Viseu argumenta ainda que "se fosse verdade que Viseu tivesse realmente danificado a imagem do PAN a nível nacional", o partido "faria de tudo para colmatar tal falha e apresentar candidatura às autárquicas de Viseu, o que não fez nem irá fazer".
Carolina Pia alega ainda que a distrital de Viseu foi excluída dos processos de auscultação para as autárquicas deste ano por questões políticas, classificando essa decisão como discriminatória e "ilegal em todos os aspetos, desde os estatutários, aos constitucionais, à legislação internacional".
No mesmo documento, há também referências a comportamentos alegadamente discriminatórios e a um ambiente hostil criado em reuniões internas, inclusive "partindo para a violência verbal" numa reunião com a Juventude PAN.
Refere ainda que Sousa Real terá contactado previamente membros da CPN para influenciar a votação da instauração de um inquérito contra si a propósito da ausência de candidatura legislativa a Viseu, no que classifica como uma "ação concertada e ilegal de perseguição política".
De acordo com vários membros da CPN ouvidos pela Lusa, presentes na reunião do passado dia 14 de julho, a queixa de Carolina Pia não foi discutida por decisão da mesa da CPN, presidida por Alexandra Reis Moreira, por ser considerada infundamentada e difamatória para com a líder do partido.
Na mesma reunião, de acordo com a ordem de trabalhos e fontes da CPN ouvidas pela Lusa, foi apreciada e aprovada a instauração de um processo disciplinar contra Carolina Pia pela participação contra a líder do partido, que se soma a outro processo disciplinar já a decorrer pela não apresentação de candidatura ao círculo de Viseu, no âmbito das eleições legislativas de 2025.
Contactada pela Lusa sobre este caso, a direção do PAN afirmou que as alegações feitas por Carolina Pia correspondem a "conduta caluniosa" e estão em "ostensiva contradição com elementos documentais do conhecimento dos membros do CPN que deliberaram a instauração de processo disciplinar"
"Esse ponto foi objeto de discussão, com tempos, e a CPN entendeu que mais não era do que uma denúncia caluniosa e contrária à verdade dos factos que constam do e-mail da filiada, que desde maio de 2025 teve o inquérito disciplinar por não ter ido entregar a candidatura de Viseu ao tribunal, lesando assim o partido", acrescenta.
Carolina Pia, que foi cabeça de lista do PAN por Viseu nas eleições legislativas de 2024, demitiu-se da CPN do partido em maio, dias depois das eleições de dia 18.
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