Numa resposta ao pedido de esclarecimento da deputada única do PAN durante o debate sobre o estado da nação, Luís Montenegro afirmou que, após ouvir críticas sobre a situação dos serviços de emergência, o Governo "encontrou no INEM uma situação muitíssimo complexa e de muita debilidade", garantindo que está a ser feito "um esforço muito significativo".
O primeiro-ministro disse que esse esforço "vai implicar uma renovação ao nível da frota de viaturas" e um "novo modelo de gestão", acrescentando que a Comissão Técnica Independente responsável sobre as competências do INEM está a concluir um estudo sobre esse modelo e que vai aproveitar a "ideia que foi facultada pelo PS".
"Há pouco não disse isso ao senhor deputado José Luís Carneiro, vamos remeter para essa comissão técnica independente precisamente esse contributo e logo veremos que enquadramento se lhe pode dar", disse, referindo-se à proposta apresentada esta quarta-feira pelo líder socialista para a criação de uma unidade de coordenação para emergências hospitalares.
Inês de Sousa Real tinha criticado o executivo por não executar as verbas previstas no Orçamento do Estado para a contratação de 400 técnicos para o INEM e questionado o Governo sobre se, antes de setembro, o país teria um "regime de emergência e contingência na saúde hospitalar" em obstetrícia e pediatria.
"Para que as grávidas não tenham que andar a percorrer quilómetros, ou (não haja) mulheres que não tenham dinheiro para pagar um táxi quando do outro lado da linha não têm qualquer resposta por parte do INEM", acrescentou.
Em relação à contratação de técnicos de emergência hospitalar, Montenegro lembrou que foi lançado um concurso para admissão de 200 profissionais em agosto de 2024 e que, em julho deste ano, foi aberto novo concurso para admissão de mais 200 técnicos.
A porta-voz do PAN abordou também a abertura, pela Comissão Europeia, de um processo de infração contra Portugal na área ambiental, criticando a inação do Governo nessa matéria e associando essa questão com a época dos incêndios para criticar o investimento feito no combate e prevenção.
"Vai disponibilizar mais de 1.300 milhões de euros para a Defesa Nacional, mas para o combate e prevenção dos incêndios nós temos, se calhar, nem cerca de metade do valor correspondente", disse.
Sousa Real acusou ainda o Governo de, "pela calada, tentar reverter a política de não abate em Portugal".
"É que eu sei que o senhor. Primeiro-Ministro até tem um animal lá em casa que adotou. E essa deveria ser uma prática promovida em todo o país e não apenas por alguns. Mas para isso é preciso que os fundos cheguem às associações", acrescentou.
[Notícia atualizada às 18h35]
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