Numa crise diplomática sem precedentes entre os dois países, Donald Trump e a Casa Branca têm apelidado de "caça às Bruxas" o processo no qual o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Na quarta-feira e no mesmo dia em que foram anunciadas as tarifas, que entraram em vigor hoje, os Estados Unidos impuseram mais sanções ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro.
As duas decisões foram vistas como intimamente ligadas, tendo como peça central Alexandre de Moraes, relator do processo no qual Jair Bolsonaro e o seu núcleo são acusados de tentativa de golpe de Estado contra a vitória eleitoral de Lula da Silva nas presidenciais de 2022.
De acordo com o Ministério Público brasileiro, além de discutir com os seus ministros e altos oficiais militares medidas para anular as eleições e até mesmo matar Lula da Silva, Bolsonaro incentivou o ataque às sedes da Presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal promovido por milhares de radicais a 08 de janeiro de 2023.
Alexandre de Moraes decretou esta segunda-feira prisão domiciliária a Jair Bolsonaro por incumprimento de medidas cautelares impostas no processo de tentativa de golpe de Estado, como a utilização de redes sociais, e já garantiu que vai "ignorar as sanções" impostas pelos Estados Unidos.
Na terça-feira, o Congresso brasileiro cancelou as sessões após o boicote promovido por parlamentares da extrema-direita, que insistem em apresentar um projeto de amnistia dos acusados de golpe de Estado, que beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro e ainda a destituição de Alexandre de Moraes.
Lula da Silva e o seu Governo continuam a negociar com Washington a retirada da lista de tarifas de cerca de 700 produtos brasileiros como carne, café e frutas, tal como aconteceu com a aviação ou o ferro, mas garantem que a soberania do país e a independência dos tribunais são inegociáveis.
"A nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada, nossa economia está sendo agredida. Este é um desafio que nos não pedimos e que não desejamos", disse na terça-feira o chefe de Estado brasileiro, num evento em Brasília.
Em paralelo, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente brasileiro, que está nos EUA desde fevereiro a negociar sanções contra autoridades brasileiras e a angariar apoio para Jair Bolsonaro, disse numa entrevista ao portal de notícias Metrópoles que as futuras sanções poderiam visar a mulher de Alexandre de Moraes.
"Vamos aguardar o que será feito, mas acreditamos que haverá uma resposta à altura", afirmou o deputado.
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