"Fazer os palestinianos pagarem pela nossa culpa histórica [pelo Holocausto] é um completo absurdo" que está a provocar "outro genocídio", considerou Borrell, que exigiu "o fim deste massacre" na Faixa de Gaza.
O antigo responsável, que integrou o executivo da Comissão Europeia, no primeiro mandato de Ursula von der Leyen, falou antes da sua intervenção na primeira conferência do Campus Internacional de La Laguna, em Tenerife, sobre "A União Europeia entre Guerras e Eleições".
"A Comissão Europeia não levanta a voz, não diz nada, não faz nada", denunciou, salientando que aqueles que permitem que milhares de pessoas morram de fome em Gaza são tão responsáveis como aqueles que o fazem, devido à "inação" que resultou numa situação "completamente inaceitável".
Borrell culpou a União Europeia por não ter levantado a sua voz, afirmando que o bloco europeu está dividido, o que está a impedir a realização da pressão necessária para "colocar um fim" na guerra na Faixa de Gaza. Por outro lado, o antigo representante da UE afirmou que os Estados Unidos "deixam" Netanyahu agir.
Borrell notou ainda que os cidadãos estão a tornar-se mais conscientes devido à divulgação de fotos de "crianças miseráveis, esqueletos vivos".
No entanto, denunciou: "Estamos a reunir-nos e a mobilizar-nos, mas não o suficiente".
Neste contexto, acrescentou, a UE não suspende o acordo de associação com Israel, o seu principal parceiro comercial.
"E este verão será recordado como o verão de outro genocídio", insistiu, argumentando que a Espanha e a Irlanda salvaram a honra da Europa, pois foram os países que disseram desde o início que isto não podia ser aceite e que a Europa precisava de agir.
Madrid e Dublin, juntamente com a Noruega, reconheceram o Estado da Palestina em maio do ano passado.
"E devemos agradecer ao Governo espanhol pela sua posição tão firme, que o mundo inteiro celebra e apoia", afirmou Borrell, acrescentando que o executivo do socialista Pedro Sánchez está a fazer tudo o que pode.
Em relação ao acordo tarifário entre os Estados Unidos e a Europa, alcançado no domingo, descreveu-o como mau, pois obriga a UE a comprar muito mais armas e gás para "equilibrar a relação comercial".
Na sua opinião, todas estas decisões da UE estão a isolá-la do mundo: aceitar acordos com os Estados Unidos, romper relações com a China e não fazer nada para impedir o genocídio em Gaza.
"A Comissão está a alinhar-se com os países mais relutantes em tratar a imigração de forma mais humana. A Europa está a tornar-se uma fortaleza fechada e a diminuir os seus laços com o resto do mundo", concluiu.
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