Pep Guardiola concedeu uma extensa entrevista à mais recente edição da revista espanhola GQ, na qual disse sentir-se com... "75 anos de idade", fruto, sobretudo, da exigência inerente ao cargo de treinador de um clube da dimensão do Manchester City, cargo que irá desempenhar já pela décima temporada consecutiva.
"Se corre mal, as noites são mais duras, o dia a dia é mais duro. O trabalho de treinador - e não o digo apenas por mim, mas sim por todos os meus colegas - é de 24 horas por dia, sete dias por semana. Caso contrário, não consegues seguir em frente. A pressão que tens sobre as costas é muito grande, e precisas de pessoas que te deem uma mão para relativizar, sobretudo", começou por afirmar.
"Tens de tentar alcançar uma estabilidade, quando tens muitos altos e baixos, e estás acima de tudo... Penso que um amigo meu definiu-me muito bem, quando me disse, uma vez que, que tenho três estados, enquanto pessoa: o eufórico, o depressivo e o ausente. São os meus três estados. Então, a questão é tratar de estar no meio destes três", prosseguiu.
"Aprendi um pouco a parar. O que se passa é que tens uma responsabilidade para com muita gente que confia em ti, que gosta de ti: os jogadores, o presidente, o diretor desportivo... Há essa sensação de lhes falhares. Não sei se se trata dessa coisa cultural ou religiosa do sentimento de culpa. Não sei se a geração de crianças atual vai muito à igreja ou não, mas, na minha época, era uma parte muito importante da nossa educação", completou.
Pausa à vista
Nesse sentido, Pep Guardiola anunciou a intenção de suspender a carreira, quando abandonar o Manchester City, clube com o qual renovou contrato, até junho de 2027, há menos de um ano: "Sei que, depois desta etapa com o Manchester City, vou parar, isso é certo, está decidido, mais do que decidido".
"Não sei durante quanto tempo vou parar, se um ano, dois anos, três anos, cinco anos, dez, 15... Não sei. Mas, sim, vou parar, após esta etapa com o Manchester City, porque necessito de parar e concentrar-me em mim, no meu corpo, em... Em catalão, diz-se 'Badar'. Badar, badar, badar... Desejo fazer isto, simplesmente, parar e ver passar as vacas quando o comboio passa", atirou.
"O meu avô costumava dizer 'Estás a olhar para mim como as vacas veem passar o comboio'. Bem, é isso, uma pessoa tem de parar e ver as coisas a passar. E, depois, a vida... Eu nunca tinha pensado que iria treinar, que iria para a Alemanha, para a Inglaterra, nem que seria treinador do Barcelona, nem que jogaria no Barcelona... Pensamos que nós controlamos, mas não. Certamente, algo vai acontecer que irá colocar-me algo pela frente e direi 'Quero fazer isto ou não?'. E, se a resposta for 'Não', logo me encontrarei. E penso que o meu plano, agora, é este. É parar, parar... E, depois, logo veremos", rematou o treinador catalão.
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