Os materiais biológicos de astronautas europeus (como o sangue, urina ou saliva) vão ser guardados e analisados num biobanco português, o Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM), em Lisboa, de acordo com o noticiado esta terça-feira pelo Público.
O GIMM foi o escolhido num concurso internacional da Agência Espacial Europeia (ESA), que agora passa a ter a exclusividade de guardar as amostras biológicas de astronautas que estejam em missões no Espaço ou a ser preparados para ir em missão.
O Gulbenkian Institute for Molecular Medicine (GIMM) nasceu da união do iMM com o Instituto Gulbenkian de Ciência e é um centro de referência nacional e internacional em investigação biomédica molecular e translacional.
A Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês) fez 50 anos no passado dia 30 de maio e soma atualmente 23 Estados-membros, incluindo Portugal, tendo cientistas e empresas envolvidos em diversas missões.
Portugal assinou a convenção de adesão à ESA em 15 de dezembro de 1999, tornou-se o 15.º Estado-membro da agência em 14 de novembro de 2000 e recebeu em 19 de novembro de 2021 a reunião ministerial intercalar do Conselho da ESA, órgão dirigente da agência onde cada Estado-membro está representado.
Que investimento faz a ESA em Portugal?
Entre 2019 e 2024, os contratos industriais da ESA com Portugal ascenderam a 84 milhões de euros e incidiram, nomeadamente, em programas de telecomunicações, observação da Terra, segurança, transporte e exploração espacial, experiências e instrumentação científicas e inovação tecnológica.
O 'ranking' das 20 entidades portuguesas com mais contratos ESA foi liderado por empresas, seguindo-se centros de tecnologia e inovação e instituições universitárias.
No 'top' 10 das missões da ESA com participação portuguesa estão a Forum, com lançamento previsto para 2027, que vai estudar a radiação emitida pela Terra para o Espaço.
Seguem-se, em termos de montantes contratualizados, as missões Ariel, Plato, Hera, Adrios e Proba-3, de acordo com dados da Portugal Space, que cita a ESA.
Com lançamento apontado para 2029, a missão Ariel, que tem liderança científica portuguesa, vai estudar a atmosfera de mil planetas extrassolares, enquanto a Plato, agendada para 2026, pretende encontrar planetas semelhantes à Terra.
Enviada para o espaço em outubro, a sonda Hera vai estudar o asteroide Dimorphos, cuja órbita foi alterada em 2022 pelo impacto de uma sonda lançada pela NASA.
Dimorphos, satélite natural do asteroide Didymos, foi o primeiro corpo do Sistema Solar cuja órbita foi modificada pela atividade humana.
A sonda Hera pretende com os seus instrumentos, 12 ao todo, reunir dados sobre Dimorphos que comprovem que a mudança de direção da trajetória de um corpo como um asteroide é uma técnica de defesa planetária fiável.
Nesta missão, várias empresas portuguesas participaram no desenvolvimento de componentes tecnológicos e operacionais da sonda.
A missão Adrios será a primeira do género a remover lixo espacial, com lançamento previsto para 2028.
Em órbita com dois satélites, a missão Proba-3 vai estudar a coroa (camada mais externa da atmosfera) do Sol.
Há centros da ESA por cá?
Portugal acolhe um dos centros da ESA de incubação de empresas e estações e antenas de rastreamento de satélites.
Na ilha açoriana de Santa Maria vai aterrar o vaivém espacial europeu Space Rider após o seu voo inaugural, previsto para 2027.
Com sede em França, a ESA tem centros nos Países Baixos, Itália, Alemanha e Espanha ligados à investigação e tecnologia, observação da Terra, formação de astronautas, astronomia e operações espaciais.
A agência emprega diretamente mais de duas mil pessoas, incluindo cientistas, engenheiros e administrativos de todos os Estados-membros. Segundo a ESA, os portugueses eram, no final do ano passado, 43.
Do corpo de astronautas europeus não faz parte nenhum português.
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