"Gostaria de ver investimento forte na inovação, de forma articulada entre as empresas, o Estado e as universidades, com sentido prático, porque é isso que faz com que as coisas aconteçam", diz Pedro Faustino, quando instado a partilhar o que gostaria de ver acontecer em Portugal nos próximos tempos.
Como gestor "tenho sempre que pôr o pragmatismo das coisas à frente", diz, referindo, em tom de brincadeira, que a inteligência artificial (IA) "já foi ali, já passou rápido".
Ou seja, "não temos muito tempo para fazer reflexões infinitas, temos que experimentar. E, portanto, uma articulação entre estes três 'stakeholders', pragmática, que permita experimentar, sabendo que a gente vai experimentar e falhar e tem que experimentar outra vez", prossegue.
Depois,"tem que ser rápido, porque se não for rápido, já passou", aponta.
"Eu gostaria muito de ver esse esforço acontecer em Portugal, de forma prática", salienta.
Até porque "se conseguirmos todos ter um sentido prático e urgente, eu acho que isso era um acelerador muito importante", reforça Pedro Faustino.
Sobre a IA, salienta que "é muito transversal para todos os setores da economia e da sociedade e do, ponto de vista da cadeia de valor, é muito complexa".
Não é possível ter IA se não tiver dados, se não tiver 'data centers', se não tiver comunicações ou cibersegurança.
Portanto, "eu veria bem, útil e importante que houvesse uma concentração de massa crítica e que houvesse um pensamento estratégico sobre a inteligência artificial e a cadeia tecnológica toda" que está por trás disso, diz, quando questionado se deveria haver uma agência ou entidade específica.
"Por isso eu perguntava-lhe se estávamos a falar da agência para a inteligência artificial ou para o digital" porque "eu não separaria as duas coisas", defende.
Em 01 de julho, o secretário de Estado para a Digitalização afirmou que se iria avançar com a agência para o digital, cujo nome é provisório.
"A inteligência artificial é digital e o digital é inteligência artificial, não existe uma sem a outra", diz Pedro Faustino.
Agora, "haver uma agência em Portugal que olhe estrategicamente para estes temas parece-me muito interessante", adianta.
Se deve ser esta agência o instrumento executivo para fazer com que, centralmente, o Estado defina o que é que o país tem que fazer, "já acho mais difícil", considera.
"Não imagino que faça sentido ter uma agência que seja executora de tudo. Agora, sim, para agregar pensamento e para dar 'guidance' estratégico e para recolher opiniões, acho muito útil", acrescenta.
O gestor considera que isso "é muito importante, precisamente porque a Europa tem urgência em construir-se como 'player', líder na inovação tecnológica nestas áreas" e, "se houver quem olhe para esse potencial todo e o facilite, fantástico", remata.
Axians é uma marca da Vinci Energies e está presente em Portugal há oito anos, atuando em áreas como 'cloud', 'data centers', consultoria de IA, cibersegurança, dados analíticos, entre outros.
O gestor faz um balanço positivo do negócio em Portugal, que está a crescer acima do mercado, de forma harmoniosa.
A taxa agregada do mercado português nos últimos cinco anos é de cerca de 4%.
A Axians tem soluções que abrangem desde a bilhética sem contacto até modelos mais integrados de mobilidade que estão implementadas em sete operadores da Área Metropolitana de Lisboa.
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