"Tudo o que disse é uma série de mentiras. É incapaz de encarar a verdade e, em vez disso, trabalha para a distorcer e ocultar", comentou o assessor de imprensa do chefe do gabinete político do Hamas em declarações à agência France Presse (AFP).
Taher al-Nounou reagia a uma conferência de imprensa de Netanyahu, hoje em Jerusalém, sobre o plano israelita para a nova fase da ofensiva na Faixa de Gaza, que prevê a ocupação da principal cidade do enclave, a deslocação de centenas de milhares dos seus habitantes e o alargamento das operações militares aos campos de refugiados na costa central do território.
Na sua primeira conferência de imprensa desde a aprovação, pelo Gabinete de Segurança israelita na madrugada de sexta-feira, das novas etapas para o conflito, que preveem a destruição do Hamas e a recuperação dos reféns que conserva na sua posse, Netayahu reiterou que "não visa ocupar Gaza, mas desmilitarizar" o território.
"Primeiro, desarmar o Hamas. Segundo, libertar todos os reféns. Terceiro, desmilitarizar Gaza. Quarto, Israel exercer o controlo de segurança. E quinto, uma administração civil pacífica e não israelita", enumerou o chefe do Governo.
Segundo o líder de Israel, este plano será executado "permitindo que a população civil saia em segurança das zonas de combate para áreas seguras designadas", onde poderão receber "alimentos, água e assistência médica em abundância".
Numa fase em que as autoridades locais da Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, registam mais de 200 mortos por fome e subnutrição, metade dos quais crianças, Benjamin Netanyahu anunciou hoje o reforço da ajuda humanitária à população, que as Nações Unidas clamam como urgente perante "uma catástrofe inimaginável", e o acesso de mais jornalistas internacionais ao território sujeito a um bloqueio quase total nos últimos meses.
Defendendo que a sua estratégia é "a melhor forma de acabar com a guerra", Netanyahu insistiu que "não há outra opção para concluir o trabalho" e atacar os últimos dois bastiões do Hamas na Cidade de Gaza e nos campos de refugiados no centro do território, do qual reivindica 75% do seu controlo.
"Estamos a falar em termos de um prazo bastante curto porque queremos acabar com a guerra. (...) Venceremos a guerra, com ou sem o apoio de outros", declarou Netanyahu, no dia em que o Conselho de Segurança da ONU realiza um debate de urgência no seguimento da divulgação do plano israelita para a Faixa de Gaza.
Além das objeções tornadas públicas do comandante das forças armadas israelitas, Eyal Zamir, o plano do executivo tem merecido uma vaga de críticas da oposição, dos familiares dos reféns e dos próprios membros de extrema-direita da coligação governamental - que o consideram "uma cedência aos fracos" -, da ONU e da maioria dos países da região e do mundo ocidental, incluindo tradicionais aliados de Telavive.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
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