"Sessenta e três pessoas morreram de subnutrição desde 3 de agosto (...), a maioria crianças e mulheres", disse a autoridade sob anonimato, acrescentando que este número de mortos inclui apenas aqueles que conseguiram chegar ao hospital.
Al-Fashir, capital do Darfur do Norte, está cercada há mais de um ano pelos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), que estão em guerra com o exército desde abril de 2023. A cidade é a última capital regional do Darfur ainda controlada pelo exército.
Em abril, um ataque ao campo de deslocados de Zamzam, nos arredores de Al-Fashir, desencadeou um êxodo em massa de civis para a cidade.
As condições humanitárias são catastróficas. Na principal cantina popular (takia), as rações diminuíram drasticamente: um prato de papas tradicionais, antes partilhadas entre três pessoas, é agora partilhado entre sete.
Aproximadamente 1.700 pessoas vêm todas as manhãs para receber esta porção única, sem garantia de saciedade. Algumas famílias não têm agora outra escolha senão consumir forragem ou restos.
Quase 40% das crianças com menos de 5 anos em Al-Fashir sofrem de subnutrição aguda, 11% delas de forma severa, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM).
Num país onde os conflitos estão a bloquear estradas principais e a paralisar a logística, a entrega de ajuda humanitária está a tornar-se quase impossível.
A situação é agravada pela estação das chuvas, que se intensifica em agosto.
Agora no seu terceiro ano, o conflito já matou dezenas de milhares, desalojou milhões e provocou aquilo a que a ONU chama "a pior crise humanitária do mundo".
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