O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, discursou, na tarde deste domingo, dias depois de o seu gabinete ter aprovado um plano que inclui a ocupação militar da cidade de Gaza, no norte do território palestiniano.
Durante a sua intervenção, citada pela imprensa internacional, Netanyahu estabeleceu cinco princípios para acabar com a guerra em Gaza: "Primeiro, o Hamas desarmado. Segundo, todos os reféns libertados. Terceiro, Gaza desmilitarizada. Quarto, Israel tem controlo de segurança absoluto. E quinto, uma administração civil pacífica não-israelita."
Em conferência de imprensa em Jerusalém, citada pela imprensa internacional, Netanyahu disse ainda que a ofensiva contra a cidade de Gaza e os campos de refugiados, que considera os dois bastiões do Hamas que falta ter no controlo, ia ser lançada "muito em breve", afirmando que esse plano "não visa ocupar Gaza".
"O nosso objetivo não é ocupar Gaza. O nosso objetivo é libertar Gaza, libertá-la dos terroristas do Hamas", afirmou, considerando que o novo plano de Israel é a "melhor forma de pôr fim à guerra."
"Concluímos grande parte do trabalho hoje. Temos cerca de 70% a 75% de Gaza sob controlo militar israelita", disse o primeiro-ministro de Israel.
O pré-requisito para o lançamento da ofensiva é, segundo Benjamin Netanyahu, a criação de "zonas de segurança", cujas localizações não especificou, para as quais a população será deslocada e nas quais Israel garante que receberão "comida, água e assistência médica".
No início de julho, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que estas áreas poderiam constituir "campos de concentração".
Netanyahu disse ainda que a ofensiva contra a cidade de Gaza e os campos de refugiados, que considera bastiões do Hamas, ia ser lançada "muito em breve", afirmando que esse plano "não visa ocupar Gaza".
Descrevendo a sua visão de um eventual pós-guerra para a Faixa de Gaza, Netanyahu apontou que Gaza iria ser "desmilitarizada" e que será Israel a ter a "responsabilidade primordial pela segurança."
"Uma zona de segurança será estabelecida na fronteira de Gaza com Israel para impedir futuras incursões terroristas. Uma administração civil será estabelecida em Gaza, que buscará viver em paz com Israel. Esse é o nosso plano para o dia seguinte ao Hamas", afirmou.
Benjamin Netanyahyu afirmou também que Israel vencerá "com ou sem apoios" de outros países a guerra na Faixa de Gaza e anunciou o reforço dos pontos de distribuição de ajuda humanitária no enclave palestiniano.
Já questionado pelos jornalistas, nomeadamente, sobre se acredita que os reféns que faltam resgatar podem ser trazidos com vida, Netanyahu apontou: "Se não fizermos nada, não os vamos conseguir tirar de lá. Estamos a falar de como tirar de lá os restantes reféns com vida, à medida que nos vamos aproximando do Hamas. Há várias formas de o fazer. Formas criativas."
O primeiro-ministro foi ainda questionado acerca da administração civil não-israelita, referindo que "há vários candidatos" para o cargo, mas recusando nomeá-los. "Não quero, não quero estragar as hipóteses de sucesso aqui porque acho que elas são reais - mas são reais desde que terminemos o trabalho", sublinhou, referindo-se a ocupar o território.
Quanto à fome que os habitantes em Gaza atravessam e às denúncias de mortes devido à escassez de alimentos - não só de adultos, como também de crianças -, Netanyahu também teve algo a dizer: negá-lo. "Se tivéssemos uma política de fome, ninguém em Gaza teria sobrevivido depois de dois anos de guerra."
Dezenas de organizações internacionais têm denunciado as dificuldades e impedimentos de entrada de camiões de ajuda humanitária em Gaza por parte de Israel e das Forças de Defesa Israelita. Quanto a este assunto, Netanyahu acusou o Hamas de dificultar a entrada desta ajuda e apontou também o dedo à ONU, dizendo que a organização não os distribui. Para além do mais, sublinhou que há "comida a apodrecer" na fronteira e criticou os meios de comunicação social, dizendo que estes apresentam fotografias que, falsamente, representam crianças famintas.
"Estou a analisar agora a possibilidade de um processo governamental contra o New York Times porque isso é ultrajante", revelou. Em causa está um artigo intitulado 'Os habitantes de Gaza estão a morrer à fome', que mostrava a imagem de uma criança de 18 meses, Mohammed al-Mutawaq. O artigo tinha como objetivo alertar para os riscos de fome em Gaza, após Israel ter imposto um bloqueio à entrega de ajuda humanitária. No entanto, a criança sofre de problema de saúde pré-existentes, tendo o New York Times feito um esclarecimento acerca do assunto.
We have appended an Editors' Note to a story about Mohammed Zakaria al-Mutawaq, a child in Gaza who was diagnosed with severe malnutrition. After publication, The Times learned that he also had pre-existing health problems. Read more below. pic.twitter.com/KGxP3b3Q2B
— NYTimes Communications (@NYTimesPR) July 29, 2025
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
[Notícia atualizada às 18h27]
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