Depois de na segunda-feira ter justificado pela primeira vez o seu afastamento de Epstein, de quem foi amigo ao longo de décadas, Trump foi hoje novamente questionado pelos jornalistas a bordo do Air Force One no regresso da Escócia, adiantando que o motivo foi o criminoso sexual "levar pessoas que trabalhavam" para ele.
As mulheres, disse, foram "retiradas do spa, contratadas por ele - por outras palavras, desapareceram".
"Eu disse, ouçam, não queremos que levem o nosso pessoal", disse Trump.
Quando isso voltou a acontecer, Trump disse que baniu Epstein de Mar-a-Lago.
Questionado se Virginia Giuffre, uma das mais conhecidas acusadoras de tráfico sexual de Epstein, era uma das funcionárias levadas, Trump, após hesitação, afirmou que "ele roubou-a".
O diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung, afirmou recentemente que Epstein foi expulso "por ser um pervertido".
Epstein suicidou-se, segundo as autoridades, numa cela de prisão de Nova Iorque, em 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
Em 2008, Epstein enfrentou acusações estaduais relacionadas com o abuso sexual de menores na Florida, mas chegou a um polémico acordo secreto com o Ministério Público que lhe permitiu declarar-se culpado de solicitação de prostituição e cumprir 13 meses de prisão.
A confirmação pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ), no início deste mês, de que não havia provas da existência de uma "lista de clientes" chantageados por Epstein, e que a morte do pedófilo numa prisão federal em 2019 resultou de suicídio, levou a uma crise entre os membros do movimento MAGA ('Make America Great Again', 'Tornar a América Grande de Novo') de Donald Trump.
Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.
Com os seus apoiantes e congressistas republicanos insatisfeitos com o que consideram ser falta de transparência sobre o caso, Trump instruiu recentemente a procuradora-geral Pam Bondi a pedir a divulgação pública das transcrições secretas do júri do processo.
Um juiz federal negou o pedido e um segundo juiz ainda não se pronunciou.
O Wall Street Journal (WSJ) divulgou há duas semanas uma carta com conteúdo "obsceno" que Trump terá enviado a Epstein nos tempos em que ambos mantinham uma amizade.
De acordo com o jornal, foi Ghislaine Maxwell, ex-parceira de Epstein, quem recolheu cartas de Trump e de outros parceiros de Epstein para as incluir num álbum como presente.
Trump processou o WSJ, a News Corp, grupo que inclui o jornal, e o seu proprietário, Rupert Murdoch, por divulgar a alegada carta a Epstein.
O jornal de referência da Newscorp declarou que vai "defender-se vigorosamente" contra o Presidente norte-americano, mantendo total confiança no rigor e exatidão das informações publicadas.
Posteriormente, o WSJ publicou que Trump fora informado em maio por funcionários do DOJ que o seu nome aparece "várias vezes" nos arquivos do caso contra Jeffrey Epstein.
Na "reunião informativa de rotina", onde este não era o tema central, Bondi e a sua equipa terão informado Trump de que os ficheiros continham o que consideravam "rumores não verificados sobre muitas pessoas, incluindo Trump, que tiveram contacto com Epstein no passado", refere o jornal.
De acordo com o WSJ, uma das fontes com conhecimento dos documentos afirmou que estes "incluem centenas de outros nomes".
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