Em declarações durante o Conselho de Ministros, transmitidas à imprensa, Emmanuel Macron lamentou que "a Europa ainda não se assuma suficientemente como uma potência".
"Para sermos livres, temos de ser temidos. E nós não temos sido suficientemente temidos", acrescentou, ao comentar o compromisso alcançado, no domingo, na Escócia, entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O acordo estabelece, de forma geral, uma tarifa de 15% para os produtos europeus que entram no mercado norte-americano, enquanto os produtos oriundos dos EUA ficam livres de taxas.
Macron também destacou que "a França sempre manteve uma posição firme e exigente", o que "vai continuar a fazer".
O chefe de Estado francês mostrou-se convencido de que a situação não é imutável porque nem tudo está fechado --- "não é o fim da história", argumentou --- e disse acreditar que a UE pode conseguir avanços.
Especificamente, apontou a obtenção de "novas isenções" nas negociações em curso para formalizar o compromisso de domingo, que já estabelecia por exemplo que as trocas de aeronaves e componentes aeronáuticos não serão tributadas, em virtude de um acordo transatlântico desde 1979.
Macron insistiu, por isso, ser necessário trabalhar para o "reequilíbrio das trocas, em particular nos serviços".
Apesar da insatisfação com o conteúdo do acordo de domingo passado entre Trump e Von der Leyen, Macron admitiu que a negociação se tinha realizado em "condições difíceis". Este acordo oferece, pelo menos, "visibilidade e previsibilidade a curto prazo", de forma a garantir "os interesses franceses e europeus" em setores exportadores importantes, como a aeronáutica.
O acordo prevê também o compromisso da UE sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros) -- visando nomeadamente substituir o gás russo - e o investimento de 600 mil milhões adicionais (514 mil milhões de euros), além de aumentar as aquisições de material militar.
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