Durante o encontro, Pavel expressou apoio à abordagem proposta pelo Dalai-lama para resolver o conflito com a China, baseada numa "via média" que não reivindica a independência do Tibete, mas sim a autonomia religiosa e cultural dentro do país asiático.
"Ele [o Dalai-lama] não defende um Tibete independente. Compreende muito bem o caminho do meio e deseja apenas liberdade religiosa, liberdade de expressão e liberdade de língua para o seu povo. E acho que todos devemos apoiá-lo", declarou o Presidente checo, de acordo com um comunicado.
Ladakh, uma região de maioria budista e ponto sensível na disputa fronteiriça entre a Índia e a China, é um dos principais centros espirituais para a comunidade tibetana no exílio, que chegou à Índia após a ocupação do Tibete pela China na década de 1950.
Durante a reunião com os líderes políticos, o presidente do Governo tibetano no exílio, Penpa Tsering, classificou a visita como um "marco histórico" e agradeceu o gesto como um apoio implícito à causa tibetana.
"Sua Santidade visitou vários países (...) e reuniu-se com vários chefes de Estado e de nação. Mas esta é talvez a primeira vez que um chefe de Estado visita Sua Santidade e passa tempo connosco, e também com a população de Ladakh. Por isso, muito obrigado pela sua presença e por nos honrar. A sua simples presença demonstra o seu apoio ao Tibete", disse Tsering, de acordo com um comunicado oficial.
Esta visita sem precedentes ocorre apenas um mês após o 90.º aniversário do Dalai-lama, que foi um momento decisivo para o desenvolvimento do conflito com a China, uma vez que o líder espiritual confirmou em Dharamsala que a sua sucessão teria lugar e que apenas o seu comité privado, o seu círculo de confiança mais próximo, teria o poder de decidir quem o sucederia.
A decisão de Pavel de manter uma reunião pública com o Dalai-lama marca uma rutura com a cautela tradicionalmente mantida pelos líderes internacionais e constitui um gesto invulgar no cenário diplomático atual, onde poucos governos se atrevem a desafiar abertamente a posição chinesa sobre o Tibete.
Enquanto Pequim insiste que a reencarnação do Dalai-lama é uma prerrogativa do Estado chinês, Nova Deli afirmou que se trata de uma questão estritamente religiosa e mantém uma postura neutra.
A questão internacionalizou-se, especialmente desde que os Estados Unidos aprovaram a Lei de Política e Apoio ao Tibete, que ameaça com sanções qualquer funcionário chinês que interfira no processo de sucessão.
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