Mais de um ano e meio depois de o conflito entre o Hamas e Israel ter adensado, e de o povo palestiniano estar ser deslocado e atacado, as últimas semanas tem sido de alertas por parte de organizações não governamentais e outras entidades devido à fome que milhões estão a passar.
Já esta semana, a organização Médicos Sem Fronteiras denunciou que um quarto das crianças dos seis meses aos cinco anos sofrem de subnutrição em Gaza.
Também nos últimos dias, Muhammad Zakariya Ayyoub al-Matouq - uma criança de um ano e meio que pesa seis quilogramas - se tornou um dos 'rostos' da fome na região, com imagens da sua vida com a mãe a fazerem capas de jornais, denunciado a situação crítica que se vive.
Já este sábado, e num período em que cada vez mais mortes de crianças têm sido denunciadas, a Associated Press (AP) denunciou a morte de mais uma criança, Zainab Abu Halib. Conta a agência que esta bebé, de cinco meses, pesava agora menos do que quando nasceu. A mãe contou à AP que quando a filha nasceu pesava mais de três quilogramas; agora, pesava menos de dois.
Segundo a AP, a bebé foi levada já sem vida até à ala pediátrica do Hospital de Nasser, em Gaza, na sexta-feira. Descreve a agência de notícias que o polegar do médico que a recebeu era mais largo do que o tornozelo dela.
Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, Zainab é uma das 85 crianças que morreram em Gaza devido à subnutrição desde o início do conflito.
O pai de Zainab explicou à AP que "ela precisava de uma fórmula para bebé especial, que não há em Gaza."
Já a mãe contou que foi às seis semanas que começou a precisar de dar esta fórmula à bebé. "Com a morte da minha filha, muitas se vão seguir. Os seus nomes estão numa lista para a qual ninguém olha. São apenas nomes e números. Nós somos apenas números. Os nossos filhos, que carregámos durante nove meses e depois demos à luz, tornaram-se apenas números."
Já este sábado, o exército israelita e os Emirados Árabes Unidos anunciaram que vão retomar o lançamento aéreo de ajuda na Faixa de Gaza.
Nesta primeira operação aérea que, segundo o comunicado, será realizada em coordenação com organismos internacionais, o Exército e o COGAT (organismo israelita que gere os assuntos civis), serão lançados cerca de sete paletes com farinha, açúcar e alimentos enlatados.
Os lançamentos serão acompanhados de missões de assistência para garantir a entrada de comboios humanitários da ONU e até mesmo "pausas humanitárias" nas zonas de entrega, segundo o Exército.
Por seu lado, os Emirados Árabes Unidos vão retomar "imediatamente" os lançamentos de ajuda humanitária sobre Gaza, invocando a situação humanitária "crítica" no território palestiniano sitiado onde Israel combate desde 2023 o movimento islamita Hamas, numa altura em que as ONG alertam para um risco iminente de fome.
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