Milhares na China partilharam fotos íntimas de mulheres no Telegram

Milhares de homens na China partilharam fotos e vídeos íntimos das suas namoradas ou esposas, sem o consentimento destas, na aplicação de mensagens Telegram, o que gerou um apelo geral para reforçar a proteção das mulheres.

telegram, empresa

© Getty Images

Lusa
26/07/2025 06:37 ‧ ontem por Lusa

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A onda de reações ocorreu após uma estudante chinesa ter sido expulsa de uma universidade a meio de julho por "violação da dignidade nacional", depois que um jogador ucraniano de e-sport ter divulgado vídeos no Telegram, mostrando que tiveram relações íntimas.

 

Um evento semelhante ocorreu na quinta-feira. Uma chinesa descobriu que fotos dela, tiradas sem seu conhecimento, foram partilhadas num fórum desta mesma aplicação de mensagens com mais de 100.000 utilizadores, principalmente homens chineses, revelou o Southern Daily, um meio de comunicação estatal.

"Não somos conteúdo que pode ser descarregado, visualizado e fantasiado ao acaso", pode-se ler-se num comentário na rede social Red Note. "Não podemos mais permanecer em silêncio. Porque da próxima, posso ser eu, ou seres tu", acrescenta.

A pornografia é ilegal na China e os comportamentos conservadores em relação às mulheres continuam a ser a norma, reforçados pelos meios de comunicação estatais e pela cultura popular.

O maior grupo deste tipo no Telegram, chamado 'Mask Park', foi desde então removido, mas grupos menores derivados deste permanecem ativos, segundo a mulher contactada pelo Southern Daily.

Outros membros do fórum também partilharam fotos de suas atuais ou antigas companheiras, de acordo com um artigo publicado no Guangming Daily, um meio de comunicação apoiado pelo Partido Comunista Chinês no poder, suscitando um choque geral na Internet.

Um hashtag associado a este caso foi consultado mais de 230 milhões de vezes na plataforma social Weibo desde quinta-feira.

"O que os criminosos consideram 'normal' para eles pode ser um pesadelo do qual inúmeras mulheres não conseguem escapar para o resto das suas vidas", reagiu uma mulher numa outra rede social chinesa, a Douyin, que relatou também ter sido vítima de uma experiência desse tipo em 2024.

A polícia chinesa intensificou a luta contra os registos ilegais, prendendo centenas de pessoas em 2022 por atividades de vigilância clandestina.

Mas os direitos das mulheres continuam a ser um assunto sensível na China. Na última década, as autoridades reprimiram quase todas as formas de ativismo feminista independente.

As autoridades chinesas ainda não anunciaram quaisquer medidas contra o Telegram, que é proibido na China, mas que continua acessível através de algumas redes privadas virtuais, afirmou a plataforma à agência de notícias AFP.

Leia Também: Taiwan inicia referendos que podem destituir deputados pró-China da oposição

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