"Mendigos disfarçados". Declarações levam à saída de ministra em Cuba

A ministra do Trabalho cubana, Marta Elena Feitó, apresentou a demissão, depois de ter afirmado no Parlamento que "não há mendigos" no país, apenas pessoas "disfarçadas", declaração que motivou uma repreensão pública do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

The 'divers' of Havana dig through the waste to survive the crisis in Cuba

© Lusa

Lusa
16/07/2025 06:20 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Cuba

Num comunicado lido no noticiário noturno da televisão estatal, o Governo cubano informou que Feitó renunciou ao cargo, na terça-feira, após reconhecer "erros" na sua intervenção recente numa comissão da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento unicameral).

 

A nota oficial refere que a demissão foi aceite pelo Politburo do Partido Comunista de Cuba (PCC) e pelo Conselho de Estado, tendo em conta a "falta de objetividade e sensibilidade" com que a ministra abordou temas considerados centrais para a sociedade cubana.

Feitó exercia funções desde 2019, ano em que teve início o primeiro mandato presidencial de Díaz-Canel, e integrava também o Comité Central do PCC.

"Quando se olha para as mãos e para as roupas dessas pessoas, vê-se que estão disfarçadas de mendigos. Não são mendigos. Em Cuba não há mendigos", afirmou Feitó durante a comissão parlamentar.

A intervenção, proferida perante deputados todos filiados no PCC ou em organizações próximas do regime, não foi contestada no momento.

Ministra cubana diz que

Ministra cubana diz que "não há mendigos" na ilha (e leva 'raspanete')

O Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, criticou hoje a sua ministra do Trabalho, que causou polémica ao afirmar que não há mendigos, mas apenas pessoas "disfarçadas de mendigos", na ilha sob regime comunista.

Lusa | 23:47 - 15/07/2025

A ex-ministra acrescentou ainda que algumas dessas pessoas "encontraram uma forma fácil de ganhar dinheiro sem trabalhar com as formalidades devidas" e sugeriu que os que limpam para-brisas o fazem para comprar bebidas alcoólicas, apelando à população para "não baixar o vidro do carro" para lhes dar dinheiro.

Negou também a existência de pessoas a procurar comida no lixo, afirmando que estão, na verdade, a "recuperar matéria-prima" de forma ilegal e a atuar como trabalhadores autónomos fora do sistema fiscal.

A reação nas redes sociais levou o Presidente Díaz-Canel a manifestar "desacordo" com os comentários de Feitó, numa sessão parlamentar no dia seguinte, embora sem mencionar diretamente o nome da ministra.

"Não partilho alguns critérios emitidos sobre este tema. É contraproducente fazer esse tipo de juízo. Não se defende a revolução quando se escondem os problemas que temos", declarou o chefe de Estado.

Horas antes, Díaz-Canel já tinha feito referência à polémica nas redes sociais, de forma ambígua. No entanto, o discurso proferido ao meio-dia foi transmitido na íntegra pela televisão estatal.

"Desde o Partido e desde o Governo trabalhamos para enfrentar todos os problemas. Somos servidores públicos, deputados que representam o povo, e não podemos agir com arrogância nem prepotência, desligados das realidades que vivemos", afirmou.

Leia Também: Ministra cubana diz que "não há mendigos" na ilha (e leva 'raspanete')

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas