Moscovo reagiu, esta terça-feira, às ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump, que falou em possíveis tarifas de 100% se a Rússia continuasse com a invasão ao território ucraniano. O vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, desvalorizou e disse que a Rússia "não se importa".
"Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo tremeu, esperando as consequências. A Europa beligerante ficou desiludida. A Rússia não se importou", escreveu o também antigo presidente russo numa publicação na rede X (antigo Twitter).
Recorde-se que Donald Trump ameaçou Moscovo, na segunda-feira, com possíveis tarifas de 100% se não houver acordo sobre a guerra na Ucrânia no prazo de 50 dias, e confirmou entrega de armas a Kyiv, via NATO.
"Estou desapontado com o presidente (russo, Vladimir) Putin, porque pensei que teríamos um acordo, há dois meses. Mas isso não parece estar a acontecer", disse Donald Trump, na Casa Branca, ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
"Se não tivermos um acordo dentro de 50 dias, é muito simples, [os impostos alfandegários] serão de 100% e ponto final", apontou.
Trump disse ainda que as suas conversas com o homólogo russo são "muito agradáveis", contudo, "não significam nada", porque Moscovo continua a atacar a Ucrânia.
"As trocas comerciais são óptimas para resolver guerras", atirou.
Interrogado sobre a possibilidade de a Rússia vir a escalar a situação com os Estados Unidos, o presidente norte-americano foi direto. "Nem me venham com essa conversa", rematou.
UE critica prazo "demasiado longo" para EUA sancionarem a Rússia
Face às palavras de Trump. a alta-representante da UE para os Negócios Estrangeiros pronunciou-se e considerou que o prazo de 50 dias que Washington deu à Rússia para acabar com o conflito na Ucrânia antes de eventuais sanções "é demasiado longo".
"É muito positivo [que Washington considere aplicar sanções], o presidente [Donald] Trump mostrou firmeza perante a Rússia. No entanto, 50 dias é um prazo demasiado longo", disse Kaja Kallas, em conferência de imprensa depois de uma reunião ministerial, em Bruxelas, advertindo que "morrem inocentes todos os dias".
Recorde-se que a ofensiva de Moscovo contra a Ucrânia dura há mais de três anos e os ataques intensificaram-se este verão. As negociações conduzidas pelos Estados Unidos até agora não conseguiram pôr fim aos combates.
A Rússia recusa há vários meses o cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e Kyiv na Ucrânia.
Moscovo lançou uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Leia Também: Zelensky e Trump discutiram soluções para reforçar defesa