O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Álvarez Alban, disse, após uma reunião com as autoridades, que os empresários rejeitam as ameaças do Presidente norte-americano, Donald Trump, que pretende impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 01 de agosto.
Segundo Álvarez Alban, os empresários sugeriram ao governo que solicite um adiamento de 90 dias dessas sanções, para dar mais tempo para possíveis negociações.
Na reunião, o governo foi representado pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, segundo o qual a posição dos empresários é a mesma do seu gabinete, que, desde abril - quando Trump anunciou o início de sua guerra comercial contra o mundo -, tenta negociar.
Alckmin referiu-se a vários encontros que funcionários de seu gabinete tiveram nos últimos meses com membros do governo americano e disse que o Brasil está "determinado" a manter esse diálogo para "reverter uma situação" que não favorece nenhum dos dois países.
O ministro insistiu que, de acordo com dados dos EUA, a potência do norte mantém um superávite comercial com o Brasil há pelo menos 15 anos.
A reunião, que antecedeu uma outra a ser realizada com representantes do setor agrícola, contou com a presença das direções da CNI, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de todas as principais associações patronais da iniciativa privada.
Os Estados Unidos são o destino de 12% das exportações do Brasil, que no ano passado totalizaram 40,3 mil milhões de dólares (34,7 mil milhões de euros), enquanto as importações da maior economia do mundo atingiram 40,5 mil milhões de dólares.
Embora a discussão entre Alckmin e os empresários se tenha centrado em questões económicas e comerciais, quando o Presidente norte-americano anunciou a intenção de sancionar o Brasil com tarifas, apresentou razões de natureza claramente política.
Trump justificou esta possível medida com a situação legal do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, um dos seus maiores aliados políticos na América Latina, que enfrenta um julgamento criminal por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal.
Na opinião de Trump, Bolsonaro é alvo de uma "caça às bruxas" por parte de um sistema de justiça que também emite ordens "secretas" e "ilegais" contra empresas de Internet sediadas nos EUA que foram sancionadas no Brasil por violarem as leis do país.
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