O ministério da Agricultura tinha solicitado em maio aos estados que transmitissem até 30 de julho ao governo federal os dados dos cerca de 40 milhões de americanos que têm acesso a este programa, conhecido pela abreviatura "Snap".
E se não fornecerem essas informações, os estados arriscam-se a serem privados das subvenções federais para financiar este programa.
Mas, hoje, os procuradores gerais de 20 estados americanos, incluindo Nova Iorque, Califórnia e Michigan, apresentaram uma ação contra o Ministério da Agricultura num tribunal federal da Califórnia, dizendo recear que os dados exigidos sejam utilizados contra os migrantes.
"Esta administração exigiu aos Estados que lhe transmitissem informações pessoais sensíveis de todos os beneficiários do programa Snap desde 2020. Isso inclui endereços, números de segurança social e status de imigração", afirmou a procuradora-geral do Estado de Nova Iorque, Letitia James, durante uma conferência de imprensa online.
"Não é para pesquisa, nem para melhorar um serviço do qual dependem milhões de pessoas, mas sim para usar o programa Snap como uma arma contra as comunidades imigrantes (...). Não iremos tolerar isso", acrescentou aquela responsável, sustentando que aquela recolha de informações violava as leis de proteção da privacidade.
Para a procuradora-geral do Michigan, Dana Nessel, o governo federal está a tentar apropriar-se destas informações "com o objetivo de criar uma base de dados e partilhá-la com agências que não estão envolvidas [na distribuição de alimentos], como a agência de imigração".
Desde o seu regresso ao poder, em janeiro, Donald Trump fez da luta contra a imigração clandestina uma prioridade absoluta da sua política, prometendo a maior campanha de expulsão da história americana.
Nos últimos meses, agentes do ICE, a polícia de fronteiras e imigração, multiplicaram as ações por todo o país, incluindo a detenção de pessoas logo após a sua audiência sobre o pedido de asilo.
No mês passado, um número recorde, de 60.254 pessoas, foram assim detidas em centros do ICE à espera da sua possível expulsão. Eram apenas 40.500 em janeiro, antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca.
Para o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, a mensagem subjacente ao pedido das autoridades federais, que também procuram cortar nos gastos sociais, é clara: "se precisa de ajuda, pode ser punido", afirmou, acrescentando: "Estamos a responder".
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