O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, não fizeram quaisquer declarações após a primeira ronda de conversações, realizada na segunda-feira, à porta fechada, na sede do Governo sueco, durante quase cinco horas.
Antes da retoma das negociações, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, reuniu-se ao pequeno-almoço com Bessent e o representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
Os Estados Unidos alcançaram recentemente acordos sobre tarifas com vários parceiros comerciais, incluindo o Reino Unido, o Japão e a União Europeia, após o Presidente Donald Trump ter anunciado, em abril, tarifas de "Dia da Libertação" contra dezenas de países. A China permanece como o caso mais relevante ainda por resolver.
"O lado chinês tem sido muito pragmático", afirmou Greer, em declarações publicadas nas redes sociais na segunda-feira. "É evidente que tivemos muitas tensões ao longo dos anos. Temos tensões agora, mas o facto de estarmos a reunir-nos regularmente para tratar destas questões dá-nos uma boa base para estas negociações."
Questionado sobre a possibilidade de um acordo, Greer disse não poder antecipar um resultado, mas sublinhou que as conversações "são construtivas e seguem na direção certa".
Analistas esperam que as negociações em Estocolmo resultem, pelo menos, numa prorrogação dos atuais níveis de tarifas, bastante inferiores às taxas de três dígitos aplicadas quando a disputa comercial atingiu o auge, em abril, provocando turbulência nos mercados globais.
As duas partes afastaram-se do confronto direto durante negociações em Genebra, em maio, acordando uma trégua de 90 dias, que termina a 12 de agosto. Atualmente, os EUA aplicam tarifas de 30% sobre produtos chineses, enquanto a China impõe uma taxa de 10% sobre bens norte-americanos.
Na agenda das conversações estão ainda o acesso das empresas norte-americanas ao mercado chinês, o investimento chinês nos EUA, a exportação de componentes de fentanilo fabricados na China, as compras chinesas de petróleo russo e iraniano e as restrições norte-americanas à exportação de tecnologia avançada, como 'chips' para inteligência artificial.
Wendy Cutler, ex-negociadora comercial norte-americana e atualmente vice-presidente do Asia Society Policy Institute, considerou que a equipa de Trump enfrenta um parceiro "confiante e disposto a retaliar contra os interesses dos EUA".
A extensão das atuais tarifas "deveria ser a parte fácil", disse Cutler, alertando que Pequim "aprendeu a lição desde a primeira administração Trump e não aceitará desta vez um acordo desequilibrado".
Na segunda-feira, a polícia sueca estabeleceu uma zona de segurança ao longo da frente ribeirinha de Estocolmo, enquanto turistas e residentes tentavam vislumbrar os altos responsáveis, rodeados por câmaras de televisão atrás de barreiras metálicas.
Bandeiras dos Estados Unidos e da China foram içadas em frente à sede do Governo sueco, onde decorrem as reuniões.
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