De acordo com o relatório daquela agência das Nações Unidas, "a escalada de ataques e o aumento do medo de violência por parte dos Grupos Armados Não Estatais" levaram à deslocação de aproximadamente 26.870 indivíduos (6.267 famílias), até sábado.
Segundo a OIM, as populações em fuga são dos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre, este último sendo o mais severamente afetado, com um total de 23.204 deslocados.
"Este número inclui 1.993 indivíduos (418 famílias) que fugiram das aldeias de Magaia e Chitunda [Muidumbe], 1.673 (374 famílias) que fugiram da aldeia de Nanduli no distrito de Ancuabe e 23.204 (5.475 famílias) que fugiram de Nantavo em Chiúre Velho, incluindo aldeias vizinhas, no distrito de Chiúre", refere-se no documento.
Aquela agência da ONU avança que informadores naquela província moçambicana rica em gás, que enfrenta uma rebelião armada, desde 2017, com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, relataram que a alimentação é a necessidade humanitária mais urgente, seguida do abrigo e dos itens essenciais não-alimentares.
De acordo com a OIM, só entre a quarta e a quinta-feira, grupos armados entraram na aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, "disparando intermitentemente, o que desencadeou a deslocação de 1.673 indivíduos (374 famílias) para Chiote e Ancuabe, na sede do distrito".
"A OIM (...) continua a monitorizar a dinâmica da deslocação em tempo real para apoiar o planeamento humanitário e os esforços de resposta baseados em evidências em todo o norte de Moçambique", avança.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
Além de Cabo Delgado, palco destes ataques e movimentação terrorista desde 2017, a vizinha província de Niassa também já foi palco em abril de um ataque de membros destes grupos, que decapitaram dois guardas-florestais.
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