O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, ameaçou hoje a Irlanda com represálias caso o parlamento irlandês aprove a proibição das importações de produtos israelitas provenientes dos territórios palestinianos ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.
"É antissemita. Se aprovarem, a Irlanda pagará o preço", ameaçou o chefe da diplomacia israelita, que acrescentou que Telavive já está a trabalhar para tomar "medidas duras" de retaliação.
"Não se pode continuar a dar a outra face", afirmou.
Gideon Saar salientou o alegado caráter antissemita da proposta, que só começará a ser debatida após as férias de verão, uma vez que "se baseia no local de residência dos judeus", segundo o jornal The Times of Israel, que citou o ministro.
Esta semana, a Comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento irlandês (designado localmente como Dáil Éireann) realizou uma sessão para debater o projeto de lei sobre os Territórios Ocupados, que, caso seja aprovado, será a primeira proibição deste tipo a ser emitida por um Estado-membro da União Europeia (UE).
A Irlanda tem sido um dos Estados-membros da UE mais críticos da campanha militar de Israel contra a Faixa de Gaza, desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul do território israelita.
Em dezembro de 2024, Israel decidiu fechar a embaixada em Dublin, depois de a Irlanda ter decidido associar-se ao caso apresentado pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) contra o Estado israelita, que acusa de genocídio na Faixa de Gaza.
Desde então, Israel tem dirigido ataques verbais, críticas e insultos às autoridades da Irlanda, que, juntamente com Espanha, Eslovénia e Luxemburgo, pediu à UE que revisse o acordo de associação com Israel com base no artigo 2.º do protocolo, relacionado com o respeito pelos direitos humanos.
Em maio de 2024, a par da Noruega e de Espanha, a Irlanda reconheceu oficialmente o Estado da Palestina.
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