Os exercícios Han Kuang, com fogo real, vão decorrer durante dez dias -- a edição mais longa até à data -- e incluem a utilização de novos armamentos recentemente adquiridos, desde tanques a 'drones' aquáticos, num contexto de crescente tensão regional e assédio militar por parte da China e do Exército de Libertação Popular (ELP).
A China reivindica Taiwan como parte do seu território e ameaça recorrer à força para a reunificação, enquanto a maioria dos taiwaneses defende a independência de facto ou a plena independência.
Segundo o Ministério da Defesa de Taipé, os exercícios começaram com simulações de resposta a ações de navios da Guarda Costeira e de milícias marítimas chinesas que têm assediado embarcações taiwanesas nas imediações de ilhas próximas da costa da China continental.
Um dos cenários em treino é uma eventual invasão disfarçada de assédio marítimo, incluindo a fortificação de portos e pontos de desembarque em ilhas situadas a cerca de 160 quilómetros da costa chinesa.
A segunda fase dos exercícios será centrada em manobras antidesembarque, com a participação de forças regulares de todos os ramos das Forças Armadas, apoiadas por 22 mil reservistas.
O Ministério da Defesa sublinhou que os treinos decorrerão 24 horas por dia, sob condições realistas, visando contrariar críticas anteriores de que as manobras seriam mais performativas do que operacionais.
Entre os equipamentos utilizados contam-se os tanques Abrams M1A2T e os sistemas de foguetes HIMARS, fornecidos pelos Estados Unidos, o principal parceiro de defesa de Taiwan, apesar da ausência de laços diplomáticos oficiais, por pressão de Pequim.
As autoridades apelaram à compreensão da população para eventuais perturbações no tráfego aéreo ou rodoviário e alertaram para a circulação de desinformação sobre os exercícios.
A China reagiu com dureza ao anúncio das manobras. "O exercício Han Kuang não passa de uma encenação enganadora das autoridades do Partido Democrático Progressista [no poder em Taipé], que tentam arrastar o povo taiwanês para o caminho do separatismo e prejudicar Taiwan pelos interesses egoístas de um partido", afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, coronel Jiang Bing.
Jiang garantiu que "independentemente da performance ou dos armamentos utilizados, [os militares taiwaneses] não conseguirão resistir à espada anti-independência do ELP e à tendência histórica da inevitável reunificação da pátria".
Segundo Taipé, Pequim terá mesmo tentado perturbar os preparativos para os exercícios, com aviões e navios chineses a realizarem na terça-feira "operações de assédio nos domínios aéreos e marítimos" sob o pretexto de um "patrulhamento de prontidão de combate conjunto".
As forças armadas de Taiwan responderam com "medidas conjuntas de reconhecimento, vigilância e resposta", incluindo a mobilização de aeronaves, navios e sistemas de mísseis baseados em terra.
Entretanto, a China anunciou na quarta-feira controlos de exportação sobre oito empresas ligadas à indústria de defesa de Taiwan, incluindo os grupos Aerospace Industrial Development Corporation, Jingwei Aerospace Technology Co. (fabrico de drones) e CSBC Corporation, o maior estaleiro naval da ilha.
Segundo o Ministério do Comércio chinês, a nova medida proíbe a exportação para estas empresas de produtos de uso duplo -- com aplicação civil e militar.
Taipé desvalorizou a decisão, garantindo que a indústria de defesa nacional já eliminou componentes de origem chinesa da sua cadeia de fornecimento.
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