"A Rússia não está a preparar-se para a paz e todos nós vemos isso agora. Putin rejeitou todos os projetos de proposta de paz e, em vez disso, assistimos a uma nova escalada do nível de violência", afirmou Zelensky, na sua intervenção de abertura da IV Conferência sobre a Recuperação da Ucrânia, que teve hoje início em Roma.
Na última noite, "a Rússia lançou um ataque combinado maciço que durou quase 10 horas, com 18 mísseis, incluindo mísseis balísticos, e cerca de 400 drones de ataque", indicou Zelensky, insistindo que o objetivo de Putin é que o povo ucraniano "abandone a Ucrânia, que sofra, e que as suas casas, lares, escolas e hospitais sejam destruídos".
Zelensky pediu uma aceleração das sanções contra a Rússia, que considerou necessária face à "clara escalada de terror" por parte de Moscovo.
"Temos de ser mais rápidos com as sanções e pressionar a Rússia a sofrer as consequências do seu terror. Os parceiros devem ser mais rápidos com os investimentos na produção de armas", defendeu.
Zelensky copreside aos trabalhos da Conferência de Roma juntamente com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que, intervindo imediatamente antes do Presidente ucraniano, anunciou que o montante das promessas de ajuda para a reconstrução da Ucrânia a mobilizar neste encontro de alto nível de dois dias em Roma deverá ascender a 10 mil milhões de euros.
"Investir na Ucrânia é um investimento em nós próprios, porque diz respeito a todos e a cada um de nós e é por isso que devemos estar orgulhosos do resultado que estamos a alcançar juntos hoje, nações, organizações internacionais, instituições financeiras, autoridades locais, o sector empresarial, a sociedade civil", afirmou.
Anunciando que nesta conferência serão assumidos "compromissos no valor de mais de 10 mil milhões de euros", Meloni comentou que "uma participação tão alargada, a um nível tão elevado nesta conferência, envia uma mensagem importante ao mundo", sublinhando o "objetivo comum de olhar além da injustiça insuportável que tem sido infligida ao povo ucraniano há mais de três anos e imaginar uma Ucrânia reconstruída, livre e próspera".
Roma acolhe entre hoje e sexta-feira a IV Conferência sobre a Recuperação da Ucrânia, uma reunião dedicada à reconstrução a longo prazo do país, quando o fim da guerra parece ainda distante, face à intensificação dos ataques russos.
Entre os líderes políticos presentes na reunião de dois dias em Roma, coorganizada por Itália e Ucrânia, estão, além de Meloni e de Zelensky, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia, que acolherá a quinta edição da Conferência, em 2026.
Os Estados Unidos, cujo apoio a Kiev 'arrefeceu' desde a mudança de administração em janeiro passado, na sequência do regresso de Donald Trump à Casa Branca, estará representado na conferência pelo enviado especial para a Ucrânia, o general Keith Kellogg.
Portugal faz-se representar pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.
Ausentes estarão o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, de visita oficial ao Reino Unido, dado hoje copresidirem, a partir da base aérea de Northwood, perto de Londres, a uma reunião da chamada «Coligação de Interessados», um grupo de países aliados de Kiev apostados em ajudar a manter a capacidade de combate da Ucrânia e dispostos a participarem numa força de manutenção de paz num contexto de um eventual cessar-fogo que funcione como "garantia de segurança" para impedir futuras ofensivas russas.
Leia Também: Rússia lança novo grande ataque noturno e faz dois mortos em Kyiv