Segundo uma nota estatística divulgada pelo banco central, 37,4% do número de contratos celebrados por jovens até aos 35 anos para a compra de habitação própria e permanente foram concretizados ao abrigo da garantia do Estado.
Em causa está uma garantia pessoal dada pelo Estado, através da prestação de uma fiança que cobre até 15% do valor da transação do imóvel pelo mutuário, o que permite que o banco que concede o crédito empreste entre 85% e 100% do valor de transação do imóvel, desde que a aquisição não seja superior a 450 mil euros.
Ao todo, os particulares contrataram 2.100 milhões de euros em crédito à habitação ao abrigo da garantia entre janeiro e junho.
"No primeiro semestre de 2025, foram celebrados 10,7 mil contratos de crédito à habitação própria e permanente ao abrigo do regime de garantia do Estado, num montante global de 2,1 mil milhões de euros", refere a nota do INE.
A garantia representou 20,5% de todos os contratos celebrados de janeiro a junho (independentemente da idade dos compradores) e correspondeu a 23,5% de todo o crédito concedido pelas instituições financeiras para a compra de habitação própria e permanente.
"Considerando apenas os contratos de crédito para aquisição de habitação própria e permanente celebrados com jovens até aos 35 anos, os contratos abrangidos pela garantia do Estado corresponderam a 37,4% do número de contratos e a 39,8% do total do montante contratado", detalha o banco central.
Olhando para a distribuição dos créditos, o Banco de Portugal refere que o peso dos imóveis adquiridos com a garantia pública no total dos imóveis comprados por jovens para habitação própria e permanente "foi maior na região do Alentejo e na Lezíria do Tejo e menor na Grande Lisboa e na Região Autónoma da Madeira".
Em maio, numa outra publicação, o banco central notava que os compradores que têm recorrido à garantia pública "têm, em média, rendimentos mais elevados do que os jovens que obtêm crédito sem recurso à garantia".
"Os mutuários com rendimentos mais baixos têm uma representatividade inferior neste regime, tanto em montante de crédito como em número de contratos, quando comparados com os mutuários elegíveis", referia o banco no relatório de estabilidade financeira.
No mesmo documento, o banco notava que a taxa de esforço dos jovens que acederam à fiança era, em média "seis pontos percentuais superior à observada no conjunto das novas operações de crédito à habitação e dois pontos percentuais superior à dos mutuários elegíveis que não recorreram à garantia".
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