"Após resultados atribuíveis aos interesses que não controlam, a Corticeira Amorim encerrou o primeiro semestre de 2025 com um resultado líquido de 36,8 milhões de euros", avança a corticeira num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Este valor inclui resultados não recorrentes e imparidades relativos à transferência de estabelecimento industrial de Silves para Vendas Novas.
De janeiro a junho, as vendas consolidadas da Corticeira Amorim totalizaram 473,1 milhões de euros, uma redução homóloga de 5,5%. Excluindo o impacto da venda da participação na Timberman Denmark, as vendas teriam caído 2,2%.
Numa análise por Unidade de Negócio (UN), a Amorim Cork registou vendas de 395,2 milhões de euros, um ligeiro crescimento face aos 393,3 milhões do primeiro semestre de 2024, "refletindo o contexto de mercado desfavorável e de elevada incerteza decorrente das tarifas dos EUA".
Já as vendas da UN Amorim Cork Solutions foram penalizadas pela redução da atividade, especialmente no segmento de pavimentos, tendo somado 81,7 milhões de euros. Excluído o impacto da alteração do perímetro de consolidação resultante da venda da Timberman Denmark, o decréscimo das vendas desta UN teria sido de 11,9%.
Nos primeiros seis meses do ano, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) consolidado da Corticeira Amorim recuou 8,0%, para 86,9 milhões de euros.
"Apesar do contributo positivo da redução dos custos de estrutura e de maiores eficiências industriais, a rentabilidade foi penalizada pelo aumento dos preços de consumo e pela qualidade da matéria-prima cortiça, bem como por um 'mix' de produto menos favorável", justifica o grupo.
Já a margem EBITDA consolidada foi de 18,4%, abaixo dos 18,9% no primeiro semestre de 2024.
Segundo a Corticeira Amorim, "a incorporação na produção da cortiça adquirida na campanha de 2024 deverá suportar as margens, tendo esse efeito sido já evidente no segundo trimestre de 2025 (margem EBITDA de 19,5% face a 19,1% no segundo trimestre de 2024)".
No final de junho, a dívida remunerada líquida da corticeira ascendia a 153,1 milhões de euros.
Apesar do pagamento de dividendos de 42,6 milhões de euros e do investimento de 14,1 milhões de euros em ativo fixo, o grupo refere que a "evolução favorável das necessidades de fundo de maneio" (que diminuíram 26,3 milhões de euros) suportou a redução da dívida líquida em 42,6 milhões face aos 195,7 milhões de euros do final de 2024.
Citado no comunicado, o presidente e presidente executivo (CEO) da Corticeira Amorim afirma que a atividade "continuou a ser condicionada por um contexto de mercado desafiante, marcado por elevada incerteza, decorrente de tensões geopolíticas e de profundas alterações ao nível do comércio internacional".
"Adicionalmente, as alterações dos padrões de consumo de álcool têm exigido uma capacidade de adaptação e inovação, determinante para a evolução futura do setor vitivinícola", nota António Rios de Amorim.
Apesar do impacto deste contexto na atividade da empresa, sobretudo evidenciada por uma "política de compras mais cautelosa" por parte dos clientes, a corticeira garante continuar "a robustecer a oferta, evidenciando as mais-valias técnicas e de sustentabilidade" dos seus produtos.
"Os nossos esforços estiveram também focados na redução do nível de endividamento e proteção da rentabilidade, através de iniciativas de melhoria da estrutura de custos e ganhos de eficiência operacional. Acreditamos que os benefícios emergentes da criação da Amorim Cork Solutions e a normalização dos preços de consumo de cortiça, reflexo de uma campanha mais favorável em 2024, serão contributos decisivos no ano, evidenciando a resiliência do nosso modelo de negócio", conclui o CEO.
[Notícia atualizada às 17h16]
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