O futebol português está de luto pela morte de Jorge Costa, aos 53 anos de idade. O diretor de futebol do FC Porto sentiu-se mal, na terça-feira, instantes depois de ter concedido uma entrevista, em direto, à Sport TV, no centro de treinos do clube, no Olival, quando já se encontrava no seu gabinete. Ainda foi assistido no local, com recurso a um desfibrilhador, antes de ter sido transportado, de urgência, para o Hospital de São João, onde acabou por não resistir a uma paragem cardiorrespiratória.
As cerimónias públicas de despedida ao antigo internacional português irão começar pelas 15h00 (hora de Portugal Continental) desta quarta-feira, no Estádio do Dragão. As portas do recinto estarão abertas para que sócios, adeptos e público em geral possam prestar a devida homenagem, encerrando pelas 22h00.
Quanto ao funeral propriamente dito, realiza-se na quinta-feira, às 10h30, na Igreja Paroquial de Cristo Rei. Já para as 19h00 da próxima terça-feira, dia 12 de agosto, o mesmo local será palco da missa de sétimo dia em honra do 'Bicho', alcunha pela qual era conhecido, fruto da maneira como encarava todos os jogos, ao longo da carreira.
Rivalidade posta de parte
A trágica (e inesperada) notícia da morte de Jorge Costa deixou o mundo do futebol em estado de choque. Começando desde logo o próprio André Villas-Boas, responsável pelo seu regresso ao clube, em abril de 2024, quando 'destronou' Jorge Nuno Pinto da Costa nas eleições para a presidência do FC Porto.
"O Jorge Costa nunca desistia. Mesmo sabendo o quanto era importante para todos nós, nunca reclamou uma vitória para si. As vitórias eram sempre do FC Porto. Era assim em campo e assim será na vida eterna. O legado de Jorge Costa permanecerá para sempre vivo na memória de todos os Portistas. Jorge, vais deixar uma enorme saudade, mas não duvides que lutaremos por ti como tu lutaste por nós e pelo FC Porto", afirmou.
Num momento tão delicado, as rivalidades foram colocadas de lado. O líder máximo do Benfica, Rui Costa, fez questão de enviar "condolências à família, aos amigos e também ao FC Porto", pela morte do ex-companheiro de equipa: "É um dia triste para mim. Tenho memórias com ele desde os meus 17 anos. Partiu um grande homem e um grande amigo. Tivemos memórias enormes na seleção, fomos campeões do mundo juntos".
O Sporting, por seu lado, respondeu de forma institucional, em forma de comunicado: "O Sporting Clube de Portugal manifesta o seu pesar pelo falecimento de Jorge Costa, director de futebol do FC Porto e antigo internacional português. Aos familiares, amigos e a todos os que com ele partilharam a vida, o Sporting Clube de Portugal endereça as mais sentidas condolências, prestando homenagem à sua memória e ao seu contributo enquanto figura do FC Porto e do futebol português".
De Vítor Baía a Cristiano Ronaldo
Quem partilhou balneário com Jorge Costa, também não o esqueceu, como foi o caso de Vítor Baía: "Hoje o futebol perdeu um dos seus maiores guerreiros. Eu perdi um capitão. Um amigo. Jorge Costa não era apenas o líder dentro de campo - era a alma do balneário, o exemplo de coragem, entrega e amor à camisola. Tivemos o privilégio de partilhar tantos momentos juntos, tantas conquistas, tantas lutas. E vencemos. Vencemos campeonatos, taças, e sobretudo vencemos pela forma como vivemos o futebol: com paixão e lealdade".
Martín Anselmi, que trabalhou proximamente com o dirigente, na passada temporada, quando passou pelo comando técnico do FC Porto, escreveu, nas redes sociais: "Que em paz descanse, capitão. Vou sentir a tua falta, meu amigo". Também Ukra, com quem Jorge Costa se cruzou, já enquanto treinador, lhe deixou uma sentida mensagem.
"Hoje, partiu o meu pai do futebol! Apostou em mim, indicou-me o caminho e deu me a oportunidade de me 'mostrar' ao mundo do futebol. Um exemplo de liderança, dedicação, entrega, espírito de conquista e paixão!", referiu. Já Cristiano Ronaldo, despediu-se do compatriota com um "Até sempre".
Nem a política ficou indiferente
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Jorge Costa, que, " enquanto jogador, representou, capitaneou e liderou as linhas defensivas com uma garra, força e energia que lhe granjeou a carinhosa alcunha, e marcou, desde os escalões de formação, o futebol e a seleção nacional, deixando o exemplo para gerações seguintes".
Quanto ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, mostrou-se em "choque" com "esta partida inesperada e precoce do Jorge Costa, um atleta da minha geração e um exemplo de dedicação e entrega às equipas de que fez parte e à nossa seleção nacional".
Minuto de silêncio decretado
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), por seu lado, decretou "um minuto de silêncio em memória do internacional português Jorge Costa". Esta "homenagem acontecerá em todos os jogos das competições organizadas pela FPF que decorrem entre os dias 8 e 11 de agosto".
"A Federação Portuguesa de Futebol lamenta, profundamente, a morte de Jorge Costa. Futebolista, treinador, dirigente, atual diretor do Futebol Profissional do FC Porto, Jorge Costa foi um dos jogadores mais marcantes de uma geração fundamental para a afirmação do Futebol Português. Referência carismática do FC Porto e da Seleção Nacional, foi Campeão Mundial de Sub-20, somou 118 internacionalizações, 50 das quais pelos AA, e representou o nosso País em Mundiais e Europeus", pode ler-se, no comunicado.
"Pelo FC Porto, o seu clube de sempre, no qual foi capitão, somou títulos nacionais e internacionais, e conquistou o estatuto de lenda. A sua morte deixa a Federação Portuguesa de Futebol e todo o Futebol Português em choque. Para a história, além do jogador, treinador e dirigente, ficará um homem de convicções, simples no trato e forte na personalidade", completa.
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