Se é certo que perdeu o melhor jogador -- e marcador -- da I Liga nas duas últimas épocas, o avançado sueco Viktor Gyökeres, o Sporting manteve a base da equipa que conquistou o primeiro bicampeonato em 70 anos, em contraste com a agitação vivida no Benfica.
A diferença de posicionamento estratégico foi bem visível no recente confronto na Supertaça, em que as 'águias' se impuseram aos 'leões', por 1-0, e se desforraram, tanto quanto possível, dos desaires no campeonato e da traumática derrota na final da Taça de Portugal da temporada passada.
Enquanto a equipa treinada por Rui Borges apresentou um 'onze' composto por jogadores que se sagraram campeões, o Benfica, que também conservou o técnico Bruno Lage, alinhou de início com os reforços Dedic, Richard Ríos (a transferência mais cara do clube, por 27 milhões de euros), e Barrenechea, poucas horas após ter anunciado a contratação de Ivanovic, por 22,8 ME.
O insucesso desportivo, a saída de outros jogadores influentes (Carreras, Di María, Kökçü) e a proximidade de eleições, marcadas para 25 de outubro, forçaram o presidente dos 'encarnados', Rui Costa, a atividade mais intensa no mercado futebolístico de verão.
O Sporting foi espartano: a transferência de Gyökeres proporcionou um encaixe recorde de 65,8 ME, podendo render 10,3 ME adicionais mediante a concretização de objetivos, dos quais o clube de Alvalade canalizou um terço (22,2 ME) para a aquisição do potencial sucessor, ao contratar Luis Suárez.
Os 'leões' procuraram mexer o mínimo possível na equipa que ganhou quase tudo na época anterior, mas a saída do sueco estava escrita nas estrelas, mesmo enfrentando o músculo negocial do presidente Frederico Varandas, e a sua substituição é o maior desafio 'leonino', como a final da Supertaça demonstrou.
A estratégia escolhida pelo FC Porto foi oposta e o seu presidente, André Villas-Boas, tornou-a clara durante a apresentação do treinador italiano Francesco Farioli, quando afirmou que os 'dragões' esperavam realizar "o maior mercado de transferências da história".
As contratações de Froholdt, Gabri Veiga, Prpic, Borja Sainz, Bednarek, Alberto Costa e a surpresa de última hora Luuk de Jong confirmam a revolução que André Villas-Boas espera que Farioli consiga operar no futebol dos 'dragões', depois de duas temporadas como expectador privilegiado do braço-de-ferro entre os rivais da capital.
O FC Porto ficou-se pelo terceiro lugar em ambas, mas o estatuto de 'vice' do Benfica não satisfará o recordista de títulos, com 38 troféus conquistados, mais oito do que os portuenses (30), enquanto o Sporting, que persegue o primeiro tricampeonato desde que alcançou o 'tetra', em 1954, sagrou-se campeão pela 21.ª vez em maio passado.
O Sporting de Braga parece ser, cada vez mais, proprietário do quarto lugar do campeonato, posição em que terminou nas duas últimas épocas, mas a contratação do treinador espanhol Carlos Vicens, ex-adjunto do compatriota Pep Guardiola no Manchester City, denota vontade de voar alto por parte do clube minhoto.
O Vitória de Guimarães, também com um novo técnico (Luís Pinto), perfila-se como a equipa mais bem apetrechada para lutar pelo provável último lugar europeu, enquanto as restantes equipas, com maiores ou menores argumentos, lutarão pela manutenção no escalão principal, entre as quais os recém-promovidos Tondela e Alverca.
A I Liga de 2025/26, a 92.ª edição da prova mais importante do futebol português, vai ser disputada por 18 clubes, ao longo de nove meses e 34 jornadas, entre sexta-feira - com o Sporting a dar o pontapé de saída frente ao Casa Pia - e 17 de maio.