O técnico, de 54 anos, crê que os crónicos candidatos ao título encaram a temporada 2025/26 com mais estabilidade face a 2024/25, nomeadamente o FC Porto, que teve de lidar com a saída de Sérgio Conceição no início dessa época, e o Sporting, que viu Rúben Amorim rumar ao Manchester United após concluir o primeiro terço do campeonato nos 'leões'.
"Acredito que o nosso campeonato nesta época vai subir de nível. Vai ser mais competitivo. A fasquia vai estar mais elevada. No ano passado, aconteceram ao campeonato coisas que não aconteciam há muito tempo. O FC Porto e o Sporting perderam dois carismáticos treinadores portugueses. Os clubes estavam muito à volta da imagem do seu treinador", referiu, em declarações à Lusa.
Com duas épocas e meia de experiência na elite do futebol luso, entre 2021/22 e 2023/24, ao serviço de Vizela, Estoril Praia e Vitória de Guimarães, Álvaro Pacheco lembra que o técnico contratado pelos 'leões' em dezembro de 2024, Rui Borges, selou o bicampeonato adaptando-se ao contexto tático da equipa, assente no sistema '3-4-3' trabalhado por Amorim.
A primeira pré-temporada em Alvalade é uma oportunidade para o técnico transmontano voltar ao esquema utilizado em equipas anteriores, o '4-2-3-1', e apresentar "um conjunto mais pronto" em busca do 'tri', apesar da saída de Gyökeres, jogador que apontou 68 golos nas últimas duas edições da I Liga, com "uma capacidade de influenciar um campeonato" como não se via há muito tempo, acrescentou.
Pacheco considerou igualmente que o Benfica está mais preparado, pelo facto de o treinador Bruno Lage cumprir a pré-época, oportunidade de que não usufruiu no campeonato transato, ao substituir o alemão Roger Schmidt em setembro de 2024, após a quarta jornada.
"Pegaram nas equipas a meio e não foi fácil. É sempre mais complicado para implementar o que pretendemos, principalmente a intensidade e a velocidade a que queremos que as coisas saiam. Pelo facto de começarem a pré-época, vão ter tempo para implementar as suas ideias com mais afinco e pormenor. (...) Tanto o Sporting como o Benfica vão estar muito mais fortes nesta época", projetou.
Terceiro no campeonato anterior, o FC Porto também "vai estar mais forte", após colmatar a saída do argentino Martín Anselmi com o treinador italiano Francesco Farioli, ex-Ajax, uma das sete novidades entre os 'timoneiros' da I Liga à partida para a época 2025/26.
"Vai encaixar muito bem naquilo que é a mística, a cultura e a exigência do FC Porto. Forma equipas com mentalidade vencedora e com uma capacidade ofensiva muito grande. Acredito que vai trazer aquilo de que o Porto necessitava", perspetivou.
O transalpino, de 36 anos, é um dos quatro técnicos estrangeiros do campeonato, a par do escocês Ian Cathro, que inicia a segunda época no Estoril Praia, e dos também estreantes Carlos Vicens, espanhol contratado pelo Sporting de Braga após várias épocas como adjunto de Pep Guardiola no Manchester City, e Sotiris Silaidopoulos, ex-adjunto do Olympiacos agora no Rio Ave.
Embora defenda que é preciso "saber receber" os treinadores de outros países, assim como acontece quando os técnicos lusos emigram, o felgueirense crê que os portugueses estão "na vanguarda" dos processos de treino e apresentam uma grande "capacidade de aprendizagem e crescimento", daí merecerem confiança.
Entre as estreias na I Liga, incluem-se Luís Pinto, técnico de 36 anos que se sagrou campeão da II Liga pelo Tondela e rumou ao Vitória de Guimarães, e Vasco Botelho da Costa, da mesma idade, contratado pelo Moreirense após ser vice-campeão do segundo escalão, pelo Alverca, dois "treinadores talentosos" para Álvaro Pacheco.
"O treinador português é muito bom. Estes jovens provam mesmo isso. Não tenho dúvidas de que vão fazer um excelente trabalho. Estão à frente de dois clubes fantásticos. O Luís à frente de um grande clube como é o Vitória e o Vasco à frente de um clube que, todos os anos, tem vindo a consolidar o estatuto na I Liga, a estruturar-se e a tornar-se muito apetecível", salientou.
Recém-promovidos à elite, Tondela e Alverca tiveram de encontrar substitutos, com os beirões a optarem por Ivo Vieira, treinador que Álvaro Pacheco aprecia "pela mentalidade" que incute às suas equipas, e os ribatejanos a escolherem Custódio Castro, 'timoneiro' que "amadureceu convicções e ideias" no Sporting de Braga B, após passagem pela equipa principal 'arsenalista', em 2019/20.
Entre os técnicos que permanecem nos clubes de 2024/25, Álvaro Pacheco enalteceu Vasco Matos, que guiou o Santa Clara ao quinto lugar e à fase preliminar da Liga Conferência, Tiago Margarido, por se estrear entre a elite com uma época "acima das expetativas" no Nacional (14.º), e Vasco Seabra, pelo "crescimento a nível tático" do Arouca rumo ao 12.º lugar no ano transato.