A exemplo do antecessor João Pinto, que ergueu o primeiro troféu internacional do clube, em maio de 1987, com a conquista da então designada Taça dos Clubes Campeões Europeus, Jorge Costa testemunhou vários feitos nacionais e internacionais da história 'azul e branca' durante a viragem do milénio com a camisola 'dois' e a braçadeira de capitão.
Oito campeonatos, cinco Taças de Portugal e cinco Supertaças Cândido de Oliveira notabilizaram o ex-defesa numa passagem de 13 épocas como jogador pelo FC Porto (1992-2005), abrilhantada pelas conquistas de uma Liga dos Campeões (2003/04), uma Taça UEFA (2002/03) e uma Taça Intercontinental (2004), por entre 25 golos em 383 jogos.
Nascido em 14 de outubro de 1971, no Porto, Jorge Paulo Costa Almeida esteve ligado ao futebol desde os 14 anos, quando vingou no Foz como um central que era ponta de lança e vestia a camisola '10', rumando no verão de 1987 ao então campeão europeu FC Porto.
A estatura acima da média e o espírito combativo ampararam a afirmação na defesa das equipas de formação 'azuis e brancas' e um trajeto ascensional, em que venceu os títulos nacionais de juvenis e juniores e ganhou experiência como sénior em empréstimos ao Penafiel (1990/91) e ao Marítimo (1991/92), intercalados pela conquista do Mundial de sub-20 em 1991, em Lisboa.
Um autogolo na derrota dos madeirenses na visita às Antas (3-1), para a 21.ª jornada da I Divisão, gerou polémica e forçou o presidente portista Jorge Nuno Pinto da Costa a proibir durante décadas que outros jogadores cedidos pelos 'dragões' defrontassem o clube-mãe.
De regresso ao FC Porto, com 20 anos e comandado pelo brasileiro Carlos Alberto Silva, não poderia ter tido estreia mais marcante pela equipa principal do clube do coração, ao decidir a vitória sobre o Estoril Praia (1-0), em Coimbra, na abertura da edição 1992/93 do campeonato.
Essa titularidade foi potenciada pelas ausências dos titulares Aloísio e Fernando Couto, que seria responsável pela alcunha de 'Bicho' atribuída ao companheiro de setor, devido à imponência, à garra na entrega ao jogo e à inquebrantabilidade perante as adversidades.
Jorge Costa precisou de quatro épocas para se tornar indiscutível no FC Porto e sofreu três roturas ligamentares dos joelhos, mas deu sempre a volta por cima, muitas vezes abaixo do tempo expectável de recuperação, sem sair do radar da seleção principal de Portugal, pela qual somou 50 partidas e dois golos, representando-a nas fases finais do Euro2000 e do Mundial2002.
Além de Aloísio, António Folha, Ljubinko Drulovic, Paulinho Santos e Rui Barros, ficou na história como um dos que disputaram todas as épocas do pentacampeonato do FC Porto, feito inédito no futebol português e guiado sob orientação do inglês Bobby Robson e dos ex-selecionadores nacionais António Oliveira e Fernando Santos, de 1994/95 a 1998/99.
Sem pudores na hora de falar, Jorge Costa envolveu-se em episódios polémicos, um dos quais em 1996/97, quando, acusado de alegados insultos racistas, foi agredido no nariz com uma cabeçada de George Weah no túnel das Antas, no final do empate entre FC Porto e AC Milan (1-1), para a Liga dos Campeões, volvida uma pisadela do defesa central ao avançado liberiano e capitão 'rossoneri' no triunfo 'azul e branco' dois meses antes em Itália (3-2).
Já em 2001/02, as desavenças com o treinador portista Octávio Machado e a perda de influência e da braçadeira precipitaram um empréstimo de meio ano aos ingleses do Charlton, então na Premier League, que pretendiam acionar a opção de compra, não tivesse uma chamada de José Mourinho acelerado um regresso triunfante ao FC Porto.
Voz de comando no campo e no balneário, mesmo sem a destreza do parceiro de setor Ricardo Carvalho, Jorge Costa ajudou a recolocar o clube no topo da Europa e do mundo, ao levantar a Taça UEFA a solo em Sevilha e a Liga dos Campeões em conjunto com o guarda-redes Vítor Baía em Gelsenkirchen - Costinha ergueu a Taça Intercontinental ao seu lado em Tóquio.
O 'Bicho' nunca mais ampliou o seu palmarés depois do sétimo e último cetro internacional do FC Porto e disse adeus aos relvados pelos belgas do Standard de Liège, em 2006, após perder espaço com a chegada do neerlandês Co Adriaanse aos 'azuis e brancos'.
Nas duas décadas seguintes, orientou Sporting de Braga, Olhanense, vencendo a II Liga e subindo à elite em 2008/09, Académica, Paços de Ferreira, Arouca, Farense, Académico de Viseu e AVS, diversificando essa carreira técnica no estrangeiro com passagens por Roménia, onde foi campeão pelo Cluj, em 2011/12, Chipre, Gabão, Tunísia, França e Índia.
Há um ano, na sequência da vitória de André Villas-Boas sobre o já falecido Pinto da Costa nas eleições do FC Porto e da subida à I Liga com o AVS, Jorge Costa voltou para liderar o futebol profissional dos 'dragões' e assistiu à conquista da Supertaça frente ao Sporting no banco, ao lado de Vítor Bruno, primeira aposta técnica da nova administração.
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