Falando a meio do debate sobre o estado da nação, na Assembleia da República, Emídio Guerreiro, antigo secretário de Estado e presidente da Associação Académica de Coimbra, defendeu a tese de que o Governo PSD/CDS tem um projeto reformista para o país, está aberto ao diálogo político "com todos" e só ficará excluído desse diálogo "quem se autoexcluir".
O vice-presidente da bancada socialista Pedro Delgado Alves discordou em absoluto da ideia central inerente ao discurso de Emídio Guerreiro e contrapôs que "há uma aproximação do Governo à extrema-direita".
"Os portugueses descobriram que a política de imigração deste Governo aparentemente é a do Chega, descobriram que o discurso securitário é o do Chega e descobriram que o discurso contra a chamada ideologia de género é o do Chega", apontou Pedro Delgado Alves.
Na resposta, Emídio Guerreiro, candidato social-democrata à presidência da Câmara de Gondomar, rejeitou a existência de qualquer aproximação ao Chega e sustentou que "aquilo que os portugueses sufragaram nas últimas eleições é exatamente aquilo que o Governo está a fazer".
Depois, passou ao contra-ataque.
"O que me surpreende é a recusa e a autoexclusão que o PS faz no sentido de participar no diálogo", reagiu, deixando, neste contexto, mais uma crítica aos socialistas: "Ainda não perceberam o que vos aconteceu" nas últimas eleições legislativas.
"Abram os olhos e venham de facto para o diálogo estruturado connosco, venham para as soluções", desafiou.
Na sua intervenção inicial, Emídio Guerreiro destacou medidas económicas e financeiras já tomadas pelo Governo no último mês, como a descida do IRS, "a simplificação fiscal" e o início do processo de privatização da TAP.
Do ponto de vista social, falou num reforço dos investimentos no Serviço Nacional de Saúde, na educação e na segurança, "com mais meios para a PSP e para a GNR", assim como na adoção de uma linha "de humanismo, mas com regras, ao nível do acolhimento de imigrantes".
"Mas, de facto, impressiona que o PS e a esquerda continuem incapazes de reconhecer os erros que cometeram neste domínio, depois de terem deixado entrar no país milhares e milhares de clandestinos", acusou.
Antes, também numa intervenção sobre imigração, o dirigente do Chega Rui Paulo Sousa exigiu "ação imediata, a identificação e a deportação de imigrantes ilegais que não respeitam a leis, a cultura e, sobretudo, as mulheres". Questionou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, se "vai continuar agarrado ao politicamente correto ou vai finalmente aceitar as políticas de imigração propostas pelo seu partido.
Igualmente em nome do Chega, João Lopes Aleixo criticou que não se tenha falado de agricultura durante o debate sobre o estado da nação.
Na mesma fase do debate, pela parte da Iniciativa Liberal, Joana Cordeiro centrou-se no tema da saúde, e defendeu que "o estado da nação na saúde é o estado da negação da realidade e de todas as responsabilidades".
A deputada liberal defendeu depois que a solução passa por um "modelo alternativo, o Sistema Universal de Acesso à Saúde, onde as pessoas têm liberdade de escolha, onde os incentivos certos estão alinhados com a prestação dos melhores cuidados, onde os hospitais têm autonomia para contratar, para gerir, para inovar, onde há prestação de contas e responsabilização".
Já a deputada Patrícia Gonçalves, do Livre, alertou que a "desinformação está a ocupar cada vez mais o lugar do debate sério e fundamentado" e considerou que se trata de "um momento perigoso para a democracia".
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