Segundo uma nota camarária, estes equipamentos serão cedidos às Entidades Gestoras das Zonas de Caça (EGZC), que os disponibilizarão, por empréstimo, a proprietários rurais e pequenos agricultores afetados pelos danos causados pelos javalis.
A medida foi definida durante uma reunião, realizada recentemente, promovida pela autarquia com representantes das Entidades Gestoras de Zonas de Caça (EGZC) sediadas no concelho e a Diretora Regional do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que teve como foco a problemática da superpopulação de javalis no território.
Durante a reunião, foi entregue ao ICNF para análise e aprovação o Plano de Controlo e Correção de Densidade de Javali, desenvolvido em colaboração com as EGZC e outros parceiros locais.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Sever do Vouga, Pedro Lobo, disse que o problema dos javalis é grave há muitos anos, adiantando que existe um desequilíbrio no ecossistema, o que leva os animais a não "encontrar alimento nos montes, nos pinhais, nos eucaliptais, como antigamente".
"Neste momento, por causa da falta de planeamento e de ordenamento a nível florestal, deixaram praticamente de haver castanheiros, de haver bolotas, de haver alimento nos eucaliptais, e eles [javalis] deslocam-se para junto das populações à procura de alimento", disse o autarca.
Segundo Pedro Lobo, os estragos provocados pelos javalis são sobretudo na parte agrícola, nomeadamente na produção de milho e na produção florestal, tendo sido vistos também javalis a passar na vila.
Apesar de os animais selvagens, como é o caso do javali, não serem da competência das autarquias, Pedro Lobo referiu que a Câmara de Sever do Vouga não tem estado parada, tendo vindo a tomar algumas medidas em articulação com as associações de caça do concelho, por forma a mitigar esta questão.
Como exemplo, lembrou que a autarquia foi pioneira na criação de um regulamento de incentivo ao abate de javalis, em que o município paga 50 euros pelo abate de cada fêmea e 30 euros pelo abate de cada macho, tendo já distribuído cerca de mil euros pelas associações de caça e pesca do concelho.
O presidente da Câmara pediu ainda uma alteração urgente da lei relativamente às áreas de proteção à caça, alegando que o município é um território de baixa densidade que tem casas um pouco por todo o lado rodeadas por mato, por eucaliptais e por pinhais.
"Como é que se consegue abater um javali sabendo que a lei impede que se façam disparos a menos de 500 metros de uma indústria, a menos de 250 metros de uma habitação ou a menos de 100 metros de uma estrada nacional?", questionou.
O autarca defende ainda uma redução dos custos inerentes à atividade da caça para continuar a poder contar com o apoio dos caçadores.
"De outra forma, será cada vez mais difícil nós termos o apoio dos caçadores, a quem cabe precisamente este tipo de controlo, e nós queremos a colaboração deles, porque sem eles não se consegue fazer nada", concluiu.
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