A bombeira do quadro de reserva dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande suspeita de dois crimes de incêndio florestal, praticados naquele concelho em junho de 2024, foi detida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) após o Tribunal Judicial de Leiria ter decidido agravar a medida de coação.
Em comunicado, enviado às redações esta quinta-feira, o Comando Distrital de Leiria da PSP explicou que na passada sexta-feira, 1 de agosto, "deu cumprimento a um mandado de detenção" de uma mulher de 44 anos "pela prática de dois crimes de incêndio florestal, praticados em 2 de junho de 2024".
"A 6 de julho de 2024, esta mulher, bombeira no quadro de reserva da corporação dos Bombeiros Voluntários de Pedrogão Grande, foi detida pela Polícia Judiciária, tendo-lhe sido aplicada a medida de coação de prisão domiciliária, por ter atuado como propósito, concretizado, de provocar um incêndio, colocando em perigo a zona florestal circundante, habitações, um parque de campismo, bem como, a integridade física dos habitantes", explica a nota.
Segundo a autoridade, o Tribunal Judicial de Leiria "decidiu agravar a medida de coação, por incumprimento da mesma," e a detida ficará agora a aguardar os termos do processo em prisão preventiva, no Estabelecimento Prisional de Tires.
A mulher, recorde-se, admitiu, no passado dia 18 de junho, no Tribunal Judicial de Leiria, ter provocado um incêndio "por descuido", mas negou ser a autora de um outro fogo.
Ao coletivo de juízes, a mulher disse que fez uma caminhada e "por distração" tocou com a ponta do cigarro nos fetos e ateou o fogo. "Tentei apagar com os pés e não consegui. Liguei para o 117 de imediato. Não foi de propósito. Foi descuido", sublinhou.
No entanto, a mulher negou ter conhecimento de um outro incêndio que deflagrou na mesma ocasião. "O cigarro estava aceso na mão, não deitei para o mato. Apaguei com o pé", afirmou.
Questionada pelo procurador do Ministério Público (MP) sobre como teria deflagrado o outro incêndio, a acusada respondeu: "Não faço a mínima ideia. Não vi nada".
Segundo o despacho do MP, na tarde de 2 de junho de 2024, a mulher saiu de casa e na caminhada habitual em direção à zona de Vale de Góis entrou num caminho florestal, onde, após ter fumado um cigarro, arremessou a sua ponta acesa para o chão, que "se encontrava densamente povoado de mato e feno", provocando um foco de incêndio.
O fogo propagou-se e ardeu uma área florestal de cerca de 200 metros quadrados, de acordo com o Ministério Público.
Seguindo depois o seu trajeto para Vale de Góis, a arguida, cerca de dois minutos mais tarde, acendeu outro cigarro e "colocou-o, aceso, no chão, em cima de denso mato e feno", o que originou novo foco de incêndio, "tendo ardido uma área florestal de cerca de 4.500 metros quadrados".
A bombeira abandonou o local e, através do seu telemóvel, deu o alerta para a Linha SOS Incêndios (n.º 117) e iniciou o percurso de regresso a casa, relatou o MP.
Os incêndios foram combatidos por 57 operacionais, apoiados por 16 viaturas e três meios aéreos, e, "não fora a pronta mobilização e intervenção" destes meios, os fogos "ter-se-iam propagado" à mancha florestal envolvente, ao parque de campismo e à residência onde vive a arguida.
Para o MP, a arguida atuou "com o propósito concretizado de incendiar" materiais vegetais inflamáveis.
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