Depois de termómetros acima dos 40ºC, de avisos vermelhos devido ao calor e de, nas últimas semanas, algumas regiões do país terem ardido, esta quinta-feira Portugal recebe poeiras.
"Uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, que transporta poeiras em suspensão, está prevista atravessar Portugal Continental durante o dia 7 de agosto de 2025", lê-se numa nota publicada no site da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo os especialistas, está prevista para esta quinta-feira uma "situação de fraca qualidade do ar no continente", situação perante a qual se regista um "aumento das concentrações de partículas inaláveis de origem natural no ar."
"Este poluente (partículas inaláveis - PM10) tem efeitos na saúde humana, principalmente na população mais sensível, crianças e idosos, cujos cuidados de saúde devem ser redobrados durante a ocorrência destas situações", lê-se na página da DGS.
Quais as regiões mais afetadas?
O interior e o Norte de Portugal continental serão as zonas mais atingidas pelas poeiras transportadas pela massa de ar proveniente do Norte de África que a partir de hoje afetarão a qualidade do ar.
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), prevê-se a partir desta quinta-feira e dos próximos dias a ocorrência de situações de fraca qualidade do ar generalizada no território do continente, mas que terá maior expressão no interior e Norte do país.
A APA adianta que se preveem também "níveis elevados de ozono troposférico", principalmente no interior do país, devido às elevadas temperaturas e transporte de poluentes, nomeadamente dos incêndios.
Os valores de partículas em suspensão e de ozono poderão superar os limites legislados nas regiões mais afetadas, registando-se índices de qualidade do ar médios a fracos, na generalidade do território do continente, acrescenta a APA.
Quais os cuidados a ter?
Enquanto este fenómeno se mantiver, a DGS recomenda à população em geral para evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes.
Os grupos de cidadãos mais vulneráveis, e a população em geral, sempre que seja viável, devem "permanecer no interior dos edifícios e, preferencialmente, com as janelas fechadas", sobretudo crianças, idosos, doentes com problemas respiratórios crónicos, designadamente asma e do foro cardiovascular.
Os doentes crónicos devem manter os tratamentos médicos em curso, refere a DGS, sublinhando que em caso de agravamento de sintomas devem contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) ou recorrer a um serviço de saúde.
Para informação adicional sobre a qualidade do ar e os valores medidos nas estações de monitorização, pode ser consultada a página da internet da APA ou a App QualAr.
Também o Serviço Nacional de Saúde recorreu, nesta altura, às redes sociais por forma dar conta de algumas informações importantes, nomeadamente, sobre as pessoas que devem ter um cuidado 'extra'.
Uma menor qualidade do ar pode agravar o seu estado de saúde, em particular se tem:
- Asma;
- Doença pulmonar obstrutiva crónica;
- Doenças cardiovasculares;
- Alergias respiratórias.
Acrescenta-se que o Índice QUALAR "ajuda-nos a saber que medidas adotar com base nas concentrações de poluentes" - numa escala de 'mau' a 'muito bom'. Deixamos abaixo a escala:
- Mau - Todos devem evitar esforços físicos ao ar livre;
- Fraco - Todos devem evitar exposição a outros fatores de risco (tabaco, produtos irritantes);
- Médio - Pessoas sensíveis devem limitar as atividades ao ar livre
- Bom ou Muito Bom - Nenhumas
Fogos, poeiras e calor causam má qualidade do ar
Já no início da semana, no rescaldo da altura em que os incêndios atingiram Portugal continental, Francisco Ferreira, o coordenador do Centro de Investigação para o Ambiente e Sustentabilidade (CENSE) da Universidade NOVA FCT, alertou para uma potencial má qualidade do ar nos próximos dias, devido ao calor, aos incêndios e a partículas transportadas do norte de África.
À Lusa, o especialista deu conta de que os incêndios rurais emitem uma "mistura de compostos perigosos para a saúde", que podem ir de partículas respiráveis (PM10) a partículas finas (PM2,5), de óxidos de azoto a hidrocarbonetos aromáticos, entre outros.
"As partículas finas emitidas pelos incêndios rurais são o poluente atmosférico de maior preocupação para a saúde pública, porque podem viajar profundamente para os pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea. Estão associadas a mortes prematuras na população em geral e podem causar e agravar doenças respiratórias e cardiovasculares", disse.
[Notícia atualizada às 12h56]
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