O governante guineense assumiu hoje a liderança do Conselho de Ministros da CPLP, no âmbito da transição da presidência da comunidade de São Tomé e Príncipe para a Guiné-Bissau.
A sucessão ocorreu na abertura da 30.ª reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros, em Bissau, que antecede a Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, marcada para sexta-feira na capital guineense.
Bissau acolhe pela segunda vez a reunião do Conselho de Ministros, em que a tónica da abertura foi o tema escolhido para a presidência guineense, "A CPLP e a Soberania Alimentar: um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável".
O lema escolhido, salientou o ministro, expressa a preocupação comum com um dos maiores desafios que enfrentam os povos da CPLP: o direito à alimentação adequada, segura e sustentável.
Para o governante guineense, "garantir a soberania alimentar é mais do que assegurar a produção de alimentos, é garantir a dignidade dos povos, a resiliência das nações e a estabilidade das sociedades".
A fome, a insegurança nutricional e a dependência externa, continuou, "afetam diretamente o desenvolvimento das (...) economias e a saúde das (...) populações, particularmente dos países africanos de língua portuguesa".
Carlos Pinto Pereira destacou o potencial da comunidade em termos de cooperação técnica, científica e solidária, enquanto espaço de concertação poltíco-diplomática, mas defendeu que é preciso mais em matéria de soberania alimentar.
"Queremos que a CPLP vá além da retórica e se afirme como um instrumento concreto de transformação. A soberania alimentar deve ser um direito garantido e não apenas um ideal", defendeu.
Durante a reunião que decorre hoje em Bissau, os ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP vão refletir e deliberar sobre ações práticas e mensuráveis, indicou.
Entre elas, destacou o reforço da cooperação no setor agrícola e agroalimentar com intercâmbio de boas práticas, tecnologia e políticas públicas eficazes.
Em discussão está também a promoção de uma plataforma técnica CPLP para soberania alimentar e combate à fome, a aposta na formação de quadros e capacitação institucional, aproveitando as sinergias dos centros de pesquisa e universidades.
Esta reunião servirá também para avaliar o estado do acordo sobre a mobilidade na CPLP, e novas dinâmicas de cooperação económica, especialmente em setores estratégicos como a saúde, as energias renováveis e o investimento sustentável.
O ministro expressou ainda "a certeza de que a Guiné-Bissau está preparada para liderar com responsabilidade".
Na passagem da pasta, Ilza Amado Vaz, ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, destacou a coincidência da data de hoje, em que se assinalam 29 anos da criação da CPLP, no ano em que se celebram os 50 anos da independência da maioria dos Estados de língua oficial portuguesa.
A governante lembrou que, ao assumir a presidência, em agosto de 2023, São Tomé e Príncipe definiu uma estratégia inspirada no lema "juventude, sustentabilidade", que norteou todas as iniciativas e deliberações.
"Durante os dois anos do nosso mandato colocámos a juventude no centro das prioridades da CPLP, reconhecendo-a como força transformadora das nossas sociedades e afirmámos a sustentabilidade como caminho inadiável para o desenvolvimento", declarou.
Segundo afirmou, São Tomé e Príncipe espera "deixar um legado para uma CPLP mais unida e uma visão para enfrentar os desafios com confiança, solidariedade, de maneira estratégica".
"A cooperação económica, que mereceu um impulso na nossa presidência, precisa de mais espaço na nossa agenda, é urgente mobilizar o comércio entre a CPLP, atrair investimento e valorizar cadeias de valor locais", afirmou.
Ilza Amado Vaz considerou ainda "um imperativo reforçar" a resposta conjunta na área da soberania alimentar.
Leia Também: Presidente ainda em dúvida sobre participação na cimeira da CPLP na Guiné-Bissau