A paciente, de 30 anos, cuja gravidez tinha começado 22 semanas antes, morreu em setembro de 2021 num hospital em Pszczyna (sul).
Apenas um ano antes, o Tribunal Constitucional, apoiado pelo governo nacionalista da altura, tinha proibido a interrupção voluntária da gravidez em casos de malformação fetal grave.
A lei antiaborto permite que os médicos realizem abortos em casos de violação ou incesto, ou quando a vida da mãe está em perigo, mas na prática é tão restritiva que os médicos têm medo ou relutância em fazê-lo.
A morte da jovem, que deu entrada no hospital com graves problemas relacionados com a gravidez, desencadeou uma série de manifestações em toda a Polónia.
Dois dos três médicos foram condenados a mais de um ano de prisão e o terceiro a um ano de pena suspensa, além de terem sido proibidos de exercer "durante um período de quatro a seis anos", escreveu Jolanta Budzowska, a advogada da família, na rede social X.
Os motivos da decisão não foram divulgados pelo Tribunal de Pszczyna.
"Os médicos, embora devessem ter atuado, não fizeram praticamente nada para salvar a vida" da mulher, disse a advogada.
Apesar do fracasso do governo nacionalista conservador nas legislativas de outubro de 2023, a Coligação Cívica do primeiro-ministro Donald Tusk, que se tinha comprometido a flexibilizar a lei sobre o acesso ao aborto, não conseguiu obter apoio no parlamento para fazer aprovar as alterações.
A recente vitória do candidato presidencial nacionalista Karol Nawrocki, que se opõe à ideia de flexibilizar as leis antiaborto, reduziu as hipóteses de desenvolvimentos no que toca ao aborto.
De acordo com os números oficiais, apenas 896 abortos foram efetuados em 2024 neste país de 38 milhões de habitantes.
Contudo, uma rede chamada Aborto Sem Fronteiras afirmou ter apoiado 47.000 mulheres no acesso à interrupção voluntária da gravidez no mesmo ano.
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