"Saúdo a trégua alcançada com a mediação dos Estados Unidos da América e os parceiros na região [do Médio Oriente], e peço a todas as partes que cumpram com o prometido", escreveu António Costa nas redes sociais.
O presidente do Conselho Europeu disse que está a "acompanhar de perto" os desenvolvimentos na Síria, depois de vários bombardeamentos israelitas a edifícios governamentais em Damasco e noutras partes do país.
António Costa também pediu às autoridades sírias para "protegerem os elementos de todas as minorias religiosas e étnicas sem distinção".
Na quarta-feira, Israel bombardeou várias vezes a Síria, incluindo Damasco, capital do país, e atingiu o quartel-general do exército sírio e um edifício junto ao palácio presidencial.
A organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) também relatou pelo menos dois ataques de aviação israelita contra a cidade de Sweida, no sul da Síria.
Os recentes ataques israelitas, alegadamente em apoio aos drusos, resultaram na morte de 15 soldados e membros das forças de segurança sírias, segundo a ONG com sede em Londres, mas com uma vasta rede de informadores na Síria.
Estes ataques foram condenados pelo Governo de transição sírio e pela comunidade internacional.
As forças governamentais sírias começaram hoje a retirar-se da província de Sweida, de maioria drusa, segundo relataram o OSDH e testemunhas locais à agência de notícias France-Presse (AFP).
A retirada das forças do Governo acontece após a declaração de um acordo de cessar-fogo na quarta-feira, que foi anunciado pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
Também na quarta-feira à noite, o Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa, anunciou a transferência da responsabilidade pela manutenção da segurança em Sweida - palco de confrontos intercomunitários que fizeram várias centenas de mortos desde domingo - para "fações locais" e líderes religiosos.
Após os confrontos entre a comunidade drusa e as tribos beduínas em Sweida, que começaram no domingo, as forças do Governo sírio e os seus aliados foram enviados na terça-feira para a região, anteriormente controlada por combatentes drusos locais.
O OSDH, grupos drusos e outras testemunhas acusaram as forças de segurança sírias de inúmeros abusos.
Com cerca de 700.000 habitantes, a província de Sweida alberga a maior comunidade drusa do país. As tensões entre drusos e beduínos são antigas e a violência irrompe esporadicamente entre os dois lados.
Os drusos, uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão, são vistos com desconfiança pela corrente sunita extremista de que provêm as novas autoridades da Síria.
Representam cerca de 3% da população síria e vivem principalmente no sul, perto de Israel, mas também em bolsas no noroeste e perto da capital, Damasco.
Além da Síria, incluindo os Montes Golã sob ocupação israelita, a comunidade drusa vive sobretudo no Líbano e em Israel.
Após a queda do regime do Presidente sírio Bashar al-Assad, em dezembro, surgiram preocupações quanto ao destino das minorias étnicas no país sob o novo Governo de transição sírio, liderado por Ahmad al-Sharaa, um antigo líder rebelde islamita.
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