A Polícia Judiciária está a realizar buscas no Estádio do Bessa, no Porto. Segundo esta força policial, em causa estão lucros ilícitos estimados em cerca de 10 milhões de euros.
Em causa estão crimes de fraude fiscal, frustração de créditos e branqueamento, praticados por quadros dirigentes, contabilistas certificados, escritório de advogado e sociedade de revisores oficiais de contas, que acabou por levar à insolvência da sociedade desportiva, responsável pela administração do futebol profissional 'axadrezado'.
O modus operandi em causa implicou a utilização de contas bancárias de passagem tituladas por terceiros singulares, transferências internacionais e depósitos em numerário de origem e destino não clarificados, movimentos esses justificados apenas parcialmente e por contratos de empréstimos cruzados que levantavam suspeitas quanto à ocultação de rendimentos, desvio de fundos com vista a prejudicar credores e ulterior branqueamento, pode ler-se num comunicado divulgado pela PJ.
Segundo a Lusa, os inspetores da PJ tiveram de forçar a entrada no interior do estádio, com as diligências a prosseguirem. Já segundo a estação televisiva, um dos alvos das buscas será Vitor Murta, ex-presidente do Boavista, estando as diligências a decorrer em casas de dirigentes, escritórios de advogados e contabilistas ligados ao clube.
O inquérito é titulado pela DIAP do Porto, e as diligências foram presididas por um juiz de instrução criminal e acompanhadas por uma procuradora da república, visando a recolha de prova documental e pessoal sobre a natureza de diversas transferências bancárias suspeitas, comunicadas pelas entidades bancárias, e ainda movimentações em numerário e outras operativas relacionadas com a transferência de ativos das empresas e com isso esclarecer a prática dos ilícitos descritos.
Das buscas resultaram a apreensão de diversa documentação relacionada com os crimes em investigação assim como equipamento informático.
Foram, ainda, constituídos seis arguidos, singulares e pessoas coletivas.
Crise financeira afasta Boavista da Liga 3
Recorde-se que, na sexta-feira, o Boavista falhou a inscrição na edição 2025/26 da Liga 3 de futebol por incumprimento de requisitos financeiros, tal como já tinha acontecido no licenciamento para as competições profissionais.
A ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social estiveram na base da decisão da Comissão de Licenciamento da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que também avaliou como diminuída a capacidade financeira e económica da SAD 'axadrezada'.
O clube foi também alvo de um processo de insolvência, formalizado junto do Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia
"Face à não homologação do Processo Especial de Revitalização (PER), à quebra significativa de receitas provocada pela despromoção administrativa [da II Liga] e perante a inexistência de soluções extrajudiciais que assegurassem o equilíbrio entre a viabilidade económica e os compromissos herdados, a Boavista SAD foi conduzida à única via legal que permite a sua reestruturação integral: a declaração de insolvência com vista à recuperação", explicou a sociedade liderada pelo senegalês Fary Faye, em comunicado.
Os inspetores da PJ estarão no local para investigar possíveis casos de corrupção e gestão danosa, que atiraram os axadrezados para a insolvência e descida para os distritais.
O clube foi despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, concluindo um trajeto de 11 épocas no escalão principal.
[Notícia atualizada às 11h31]
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