O jihadista luso-luxemburguês Steve Duarte foi condenado, esta segunda-feira, por um tribunal do Luxemburgo, a prisão perpétua por vários crimes, incluindo terrorismo e homicídio.
Segundo avança o Luxemburguer Wort, o tribunal da cidade do Luxemburgo foi de encontro ao que havia pedido o Ministério Público e condenou Steve Duarte, que em 2014 viajou de Meispelt para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico (EI), a prisão perpétua.
Note-se que o processo foi conduzido à revelia, uma vez que o paradeiro do luso-luxemburguês é desconhecido. Por isso, é também incerto que este venha a cumprir a pena a que foi condenado.
Steve Duarte tem 40 dias para recorrer da sentença.
De realçar que os procuradores acreditam que o homem está numa prisão curda no nordeste da Síria. Steve Duarte tinha sido detido em 2019, juntamente com a mulher, nascida em França, na fronteira entre a Síria e o Iraque. Enquanto o luso-luxemburguês foi enviado para a prisão, a esposa e os filhos foram levados para um campo e, posteriormente, regressaram a França.
Sinalizado pela Polícia Judiciária do Luxemburgo, na primavera de 2014, até à sua captura quase cinco anos depois, o homem ter-se-á começado a radicalizar anos antes. Contudo, foi em agosto de 2014, quando tinha 27 anos, que abandonou o país para se juntar ao Daesh.
O Ministério Público defendeu que a radicalização de Steve Duarte terá começado online e que este foi a principal figura responsável pela máquina de propaganda do EI. Participou também na execução de cinco combatentes curdos em Mosul, no Iraque, em 2016, documentada em vídeo.
As autoridades luxemburguesas garantem que Steve comandou e liderou a execução, apesar de o próprio ter negado, num raro contacto com a imprensa, em 2019.
"Cometi um erro. Estou preparado para ir preso"
Na altura, numa entrevista ao canal de televisão curdo Rudaw TV, a partir de uma cadeia na Síria, falou "num erro" e mostrou-se arrependido.
"O que é que eu quero? Quero sair da prisão, regressar a uma vida normal, cuidar dos meus filhos, ensinar o meu filho e a minha filha sobre a vida, como distinguir o certo do errado, ensinar-lhes as bases da religião e preveni-los para não cometerem o mesmo erro que eu. Eu quero uma vida nova, se Deus permitir, eu quero uma vida nova", disse.
Disse também querer recomeçar a vida com a família e que aceitava a pena que lhe fosse imputada pela justiça luxemburguesa. "Estou a pensar em voltar para o Luxemburgo e teria que ir para a prisão. Cometi um erro e se esse erro merecer cadeia, estou preparado para ir preso", indicou Steve Duarte, cujo nome de guerra é Abu Muhadjir Al Andalousi.
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