"Ninguém deve ser morto, preso ou ferido simplesmente por estar em greve. As forças de segurança angolanas devem abster-se de usar força desnecessária e desproporcional durante os protestos e observar os devidos procedimentos antes de deter suspeitos de envolvimento em condutas ilegais", afirmou o diretor regional da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Tigere Chagutah.
O apelo da Amnistia Internacional surge depois de, no seu último balanço, as autoridades angolanas terem dado conta de 30 mortos, 277 feridos e 1.515 detenções em várias províncias do país, nomeadamente Luanda, Benguela, Huambo, Huíla, Malanje, Bengo e Lunda Norte, nos três dias (entre segunda e quarta-feira) de protestos, marcados por atos de vandalismo e pilhagens.
"As forças de segurança têm a obrigação de garantir a segurança do público e de respeitar e proteger os direitos humanos durante as suas operações, incluindo quando lidam com casos isolados de indivíduos envolvidos em saques a lojas e destruição de propriedade, lê-se no comunicado da Amnistia.
A organização apela às autoridades angolanas para que "iniciem prontamente uma investigação independente, completa e imparcial sobre os assassinatos e ferimentos resultantes desta repressão".
"Os autores devem ser responsabilizados em julgamentos justos que cumpram as normas internacionais e as vítimas das violações, e as suas famílias devem ter garantida uma reparação integral, proporcional à gravidade das violações e aos danos sofridos", prossegue.
A Amnistia pretende ainda que as autoridades divulguem informações sobre os que foram detidos pelas forças de segurança e cujo paradeiro permanece desconhecido.
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