Trump deverá anunciar a iniciativa hoje na Casa Branca, num evento com líderes de mais de 60 empresas, incluindo tecnológicas como a Google e a Amazon, bem como sistemas hospitalares importantes como a Cleveland Clinic.
O novo sistema irá focar-se na diabetes e no controlo de peso, com inteligência artificial conversacional que auxilia os pacientes e ferramentas digitais como códigos QR e aplicações que registam utentes para consultas ou rastreiam medicamentos.
A iniciativa, alertam especialistas, pode colocar os desejos dos pacientes por mais conveniência nos seus consultórios médicos em choque com as suas expectativas de que as suas informações médicas sejam mantidas confidenciais.
"Há enormes preocupações éticas e legais", disse Lawrence Gostin, professor de Direito na Universidade de Georgetown, especializado em saúde pública.
"Os doentes de todos os Estados Unidos devem estar muito preocupados com a possibilidade de os seus registos médicos serem utilizados de formas que os prejudiquem a eles e às suas famílias".
Os responsáveis dos Centros de Serviços Medicare e Medicaid, que gerem os planos públicos de saúde, afirmaram que os doentes terão de optar pela partilha dos seus registos médicos e dados, que serão mantidos em segurança.
"Temos as ferramentas e informações disponíveis agora servirão para capacitar os doentes a melhorar os seus resultados e a sua experiência com a saúde", disse hoje Mehmet Oz, administrador do CMS, em comunicado.
Os defensores da privacidade digital estão céticos de que os doentes poderão contar com o armazenamento seguro dos seus dados.
Jeffrey Chester, do Centro para a Democracia Digital , afirmou que o governo federal pouco fez para regular as aplicações de saúde ou os programas de telessaúde.
"Este programa é uma porta aberta para a utilização e rentabilização de informação de saúde sensível e pessoal", disse Chester.
O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., tem vindo a pressionar por mais tecnologia na área da saúde, defendendo dispositivos que monitorizem o bem-estar e a telessaúde.
Kennedy procurou também recolher mais dados dos registos médicos dos norte-americanos, incluindo para estudar o autismo e a segurança das vacinas.
Cético da vacinação, o secretário de Saúde preencheu a agência com funcionários com um histórico de trabalho ou gestão de 'startups' e empresas de tecnologia de saúde, refere a agência AP.
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