Jalil al-Hadalin, chefe do conselho local da aldeia de Umm al-Khair, perto de Hebron, de onde Hathaleen era natural e onde ocorreu o incidente, disse à agência EFE que Israel só vai entregar o corpo na condição de que o funeral seja realizado à noite e com um máximo de 15 participantes, o que a família rejeita.
Não se sabe ainda se é o exército ou a polícia israelita que tem o corpo do ativista, uma vez que nenhuma das entidades se pronunciou sobre o seu paradeiro.
O alegado atirador, o colono israelita Yinon Levi, permanece em prisão domiciliária até sexta-feira.
O suspeito já tinha sido sancionado em 2024 pelo Canadá e União Europeia pelo seu envolvimento em ataques contra civis palestinianos. Também foi alvo de sanções financeiras pela administração do ex-presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, no ano passado, mas Donald Trump (republicano) retirou o nome do colono da lista de sancionados, pouco depois de regressar à Casa Branca, em janeiro deste ano.
De acordo com testemunhas, o incidente ocorreu quando um grupo de ativistas palestinianos tentou bloquear trabalhos de construção iniciados por colonos israelitas.
Num vídeo publicado nas redes sociais, Levi é visto a disparar para o ar perante residentes palestinianos que o acusavam de ter assassinado Awdah Hathaleen.
Desde o início da guerra de Gaza, em outubro de 2023, os ataques dos colonos israelitas contra a população palestiniana na Cisjordânia ocupada intensificaram-se, com um aumento substancial na região de Masafer Yatta, onde se situa a aldeia de Umm al-Khair, cenário principal do documentário "No Other Land", vencedor de um Óscar.
Awdah Hathaleen, que dava aulas de Inglês, tinha participado no documentário consagrado à luta dos palestinianos nesta região, comentou o correalizador, Yuval Abraham.
Cerca de três milhões de palestinianos vivem na Cisjordânia, ao lado de meio milhão de colonos israelitas, em colónias consideradas ilegais pelo Direito Internacional.
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